É com profunda tristeza que comunicamos o falecimento, aos 61 anos e após prolongada doença, de Maria Rita Duarte Raposo, uma das mais respeitadas e admiradas sociólogas da sua geração.
O velório funeral realiza-se hoje, segunda-feira. Partirá da Igreja de São Pedro (Igreja Velha) às 12h00, para o cemitério de Casal de Cambra.
In memoriam de Maria Rita Duarte Raposo
“Licenciada em Sociologia pela FCSH/UNL, Mestre em Economia e Doutorada em Sociologia Económica e das Organizações pelo ISEG, a Rita foi uma figura central no desenvolvimento da sociologia urbana e do território, com um contributo ímpar no estudo dos condomínios privados, tema que lhe valeu destaque a nível nacional e internacional. A sua definição de cultura e a sua abordagem dos chamados estudos culturais, e do correspondente “cultural turn”, constituem um dos carimbos constitucionais da sua investigação que, infelizmente, não recebeu a atenção devida da comunidade académica. Cultivou o esforço interdisciplinar, sendo conhecidas as suas colaborações com geógrafos, economistas e outros investigadores das ciências sociais.
Fundadora e investigadora dedicada do SOCIUS, centro de investigação em Sociologia Económica e das Organizações, a Rita foi autora de inúmeros artigos e livros científicos, e manteve uma longa e frutífera carreira como professora no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG/ULisboa), a sua casa de adopção, onde era profundamente admirada por alunos de todos os ciclos de formação e colegas. Deixou um legado académico inestimável e uma marca indelével na vida de todos que com ela partilharam o caminho.
Para além da sua brilhante carreira, a Rita era uma mulher de múltiplas paixões. Fotógrafa amadora com um olhar apurado para os detalhes, encontrava na fotografia uma forma de captar a beleza e a complexidade do mundo. Amante de gatos, via neles companheiros fiéis e cúmplices nas suas rotinas diárias. Civicamente empenhada, a Rita deixou sempre claras as suas orientações e convicções, desde a participação em associações profissionais e académicas até ao envolvimento em movimentos sociais que reputava essenciais à vivência democrática que era, para si, parte essencial da sua existência.
Outra das suas grandes paixões era viajar, em particular para o Sudeste Asiático, com especial afeição pela Malásia, país onde cultivou amizades duradouras e contactos profissionais relevantes que enriqueceram tanto a sua vida pessoal como o seu trabalho académico. Estas viagens proporcionaram-lhe uma compreensão profunda das culturas e dos espaços urbanos da região, algo que influenciou e ampliou o seu olhar sociológico.
Dona de um humor cáustico e genuíno, era uma presença leal, generosa e sempre presente entre os seus amigos e colegas. Para além de uma mente brilhante, a Rita foi uma companheira inigualável, difícil e exigente cuja inteligência, humor e humanidade fizeram dela uma figura única. A sua ausência será profundamente sentida, mas o seu legado, tanto pessoal quanto profissional, permanecerá vivo em todos os que tiveram a sorte de partilhar a vida com ela.
À sua memória”
Rafael Marques