Aluno: TomÁs Taborda Martins
Resumo
Existe uma preocupação crescente na União Europeia (UE) relativamente à sustentabilidade financeira dos sistemas públicos de saúde e à sua relação com o envelhecimento populacional. Portugal é, possivelmente, um dos países mais afetados por estes dois problemas. Este estudo aborda um dos componentes desta situação complexa: a despesa nacional com os medicamentos do Grupo 16. Isto deve-se ao facto de estes medicamentos terem um impacto significativo na despesa total com medicamentos hospitalares no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Os medicamentos do Grupo 16 são utilizados, maioritariamente, no tratamento de patologias oncológicas, sendo importante analisar os determinantes da despesa oncológica nos seus três subgrupos: citotóxicos, hormonas e anti-hormonas, e imunomoduladores. É igualmente crucial prever, com o maior grau de precisão possível, a evolução futura deste indicador, tanto em termos absolutos como enquanto percentagem da despesa pública total (TPE) e do produto interno bruto (GDP).
Seguindo a abordagem de Kadkhodamanesh et al. (2021), foram construídos modelos explicativos para cada subgrupo com recurso a regressões lineares múltiplas. Estes modelos baseiam-se em variáveis explicativas relacionadas com demografia e prevalência de doença, inovação, prevenção, e mercado farmacêutico. Devido ao reduzido poder estatístico destes modelos, optou-se por utilizar projeções diretas, em vez dos modelos, para a previsão da despesa oncológica futura.
Os resultados mostram que as variáveis relacionadas com a prevenção contribuem para uma aceleração da despesa oncológica. Outras variáveis, relacionadas com a demografia e prevalência da doença e o mercado farmacêutico, também contribuem para explicar o crescimento da despesa oncológica em alguns subgrupos, embora os efeitos de algumas destas variáveis tenham divergido das expectativas teóricas.
Com base em projeções, estima-se que a despesa oncológica do SNS continue a crescer até 2030, representando 0.40% do GDP, sendo que a proporção da TPE alocada à oncologia deverá atingir 0.91% em 2030.
Trabalho final de Mestrado