Aluno: Helena Sofia Carvalho Batista
Resumo
A materialidade, enquanto critério fundamental do julgamento profissional,
orienta as decisões do auditor em todas as fases de uma auditoria. Contudo, apesar de ser
reconhecida a sua importância, a ausência de evidências sobre a sua aplicação prática tem
dificultado a compreensão dos fatores que a influenciam. Com a atual possibilidade de
aceder a este tipo de evidências no contexto empresarial do Reino Unido, este estudo visa
identificar possíveis padrões de atuação dos auditores, procurando inferir se o sexo e a
rotação de auditor ou de empresa de auditoria influenciam significativamente o
julgamento acerca da materialidade. Para tal, foi utilizada uma amostra final de 92
empresas integrantes do FTSE 100, ao longo de um período de 8 anos. A análise
desenvolvida baseou-se em técnicas estatísticas convencionais, complementada por uma
análise econométrica de forma a testar os referidos fatores. Os resultados demonstram
que a decisão acerca do nível de materialidade global não advém de uma simples “rule of
thumb”. Com efeito, verifica-se que são utilizados diversos benchmarks para a sua
definição, que se baseiam em um ou mais racionais que justificam a escolha. Também a
materialidade de execução tem por base um ou mais racionais, nomeadamente, a
avaliação do risco e das características do sistema de controlo interno, o histórico de
distorções, a volatilidade, o início do mandato e a consistência. Não foram encontradas
evidências de que tanto o sexo como a rotação de auditor ou de empresa de auditoria
influenciem significativamente a materialidade global. No entanto, foi possível inferir
que quando existe rotação da empresa de auditoria, se verifica uma diminuição do nível
de materialidade de execução. Por fim, observou-se uma maior sensibilidade dos homens
a variações na Rendibilidade Operacional do Ativo, refletida em ajustamentos mais
acentuados ao nível da materialidade global.
Trabalho final de Mestrado