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A Ajuda Pública ao Desenvolvimento da China em Angola: Milagre ou armadilha?

Aluno: Rodrigo Andrade Santos


Resumo
O presente estudo procura entender como se desenvolve a ajuda chinesa em África, mais propriamente em Angola. Visto como uma alternativa ao modelo tradicional do Consenso de Washington, o Modelo de Pequim parece estar a apelar muito mais aos países em desenvolvimento, sendo que os Estados africanos não são exceção. A filosofia de one size fits all de Washington e das instituições ocidentais parece já não ter mais nada para oferecer a estes países, enquanto a ajuda chinesa parece ser mais adequada, não colocando condicionalidades nos seus empréstimos, podendo os países recetores de ajuda manter total soberania. Mas será que a ajuda chinesa é mesmo aquilo que promete ser? Apesar de Pequim não exigir as mesmas condicionalidades que o Ocidente, parece obrigar a que certos requisitos sejam cumpridos para que o capital possa fluir, nomeadamente a contratação de empresas chinesas, trabalhadores chineses e uso de materiais chineses para a execução de um projeto no país que recebe ajuda. Condições como o reconhecimento da República Popular da China como a única China, e o corte de relações com a República da China (Taiwan), bem como votar ao lado de Pequim em votações na Assembleia Geral da ONU são outras das condições que Pequim exige aos países aos quais fornece ajuda. O presente estudo foca-se nos prós e contras da ajuda chinesa em Angola, e se esta tem sido mais benéfica ou mais destrutiva para o país. Esta dissertação conclui que, embora a ajuda chinesa tenha permitido importantes melhorias em infraestruturas em Angola, também gerou uma grande dependência económica para com Pequim, falta de transparência e benefícios assimétricos, com impactos limitados no desenvolvimento sustentável e na redução da pobreza. A cooperação com a China deve, por isso, ser gerida com cautela e maior supervisão institucional.


Trabalho final de Mestrado