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Natureza e a questão ambiental: a perspetiva do Bem Viver como alternativa para o desenvolvimento e bem-estar coletivo

Aluno: Francisco Maria PraÇa De Sacadura Chambel


Resumo
A presente dissertação pretende analisar o atual contexto e tensão existente no campo dos estudos do desenvolvimento em relação a alternativas que emergiram a questionar as suas concepções de bem-estar. Partindo de um conjunto de racionalidades periféricas, sustentado por autores como Alberto Acosta, Eduardo Gudynas e Felwine Sarr, debruça-se sobre o caso do Bem Viver, elaborando um estudo comparativo, incidindo sobre um dos principais pontos de rutura: a conceptualização da Natureza e a sua relação com as sociedades humanas. Como um modo alternativo de pensar o bem-estar coletivo, originário das sociedades indígenas da Amazónia, o Bem Viver compõe-se de uma multiplicidade de ensinamentos e cosmovisões baseadas em modelos de vida onde a relação com a Natureza é o ponto central. Estes modos de vida são excluídos da ortodoxia desenvolvimentista, empurrados para uma zona periférica sendo ignoradas as suas perspetivas. Ambiciona-se a exploração desta incompatibilidade, o ingressar neste debate que opõe uma visão hegemónica a um modo de vida que procura o seu espaço. De modo a analisar criticamente os fundamentos desta episteme, foi desenvolvida uma análise comparativa das concepções dominantes do desenvolvimento e das perspetivas do Bem Viver, de modo a explorar as divergências entre estes modelos. Pretende-se discutir como a perspetiva do Bem Viver pode contribuir para uma reconfiguração das noções do bem-estar coletivo, da ideia de progresso e justiça socioambiental no contexto da atual crise ecológica global como a comunidade científica tem assinalado. Conclui-se que o Bem Viver ao se assumir como uma plataforma aberta à diferença, capaz de comunicar com outras epistemologias da periferia, de repensar o papel da Natureza nas políticas públicas e nos imaginários das sociedades orienta a construção de modos de vida mais plurais. Neste sentido, contrasta com o modelo tradicional do desenvolvimento, pensando, em larga medida, fora da sua lógica.


Trabalho final de Mestrado