Aluno: Francisco Miguel De Lemos Nunes Rodrigues Dos Santos
Resumo
A crise financeira de 2008 revelou vulnerabilidades significativas no setor bancário,
que motivou uma reavaliação da regulação e supervisão para reforçar a estabilidade financeira.
Os testes de stress macroprudenciais tornaram-se uma ferramenta essencial
para avaliar a estabilidade das instituições financeiras, oferecendo uma perspetiva holística
da resiliência do setor. Foi realizada uma revisão de literatura sobre testes de stress,
onde são apresentados as tipologias mais comuns, o tipo de dados utilizado e o interesse
crescente em abordagens top-down que oferecem uma visão abrangente da resiliência
global do setor bancário. Esta dissertação explora a possibilidade de realizar testes de
stress macroprudenciais, numa abordagem "top-down", utilizando exclusivamente dados
públicos, com foco no setor bancário português. Através de dados do Banco de Portugal,
FMI e BCE e recorrendo a um modelo econométrico, este trabalho avalia o impacto
de variáveis macrofinanceiras no rácio Common Equity Tier 1 (CET1) sob cenários de
base e adversos para o período de 2023–2025. Os resultados do modelo indicam que,
no cenário base, os rácios CET1 permaneceram estáveis, com uma ligeira descida de
16,36% em 2023 para 15,45% em 2025. No cenário adverso, os rácios CET1 registaram
uma queda mais acentuada para 14,77% em 2025. Apesar deste decréscimo, os rácios de
capital mantiveram-se acima dos requisitos mínimos de capital de 11,1% para 2023 estabelecido
pelo Banco Central Europeu (BCE), destacando-se a resiliência do setor bancário
português. As comparações com os testes de stress realizados pela EBA e pelo BCE revelam
tendências consistentes, embora os resultados deste estudo sejam ligeiramente mais
otimistas devido a simplificações metodológicas e ao uso de dados agregados. As conclusões
sugerem a capacidade dos dados públicos fornecerem insights valiosos sobre a
resiliência do setor bancário, apesar das limitações inerentes.
Trabalho final de Mestrado