Análise Comparada dos Padrões de Vantagem Comparativa da China e da Índia

A China transformou-se numa potência mundial a nível económico, mas também científico e tecnológico, muito em resultado de uma estratégia que envolveu reformas económicas a partir de finais dos anos setenta do século passado e da adoção sem reservas de um modelo de promoção das suas exportações. A Índia, o país mais populoso do mundo, foi mais recatada nas reformas iniciais, tendo experimentado uma estratégia de substituição de importações, mas acabando depois por seguir o caminho da China, também com resultados muito positivos, sobretudo a nível económico. Ambos os casos são bons exemplos ilustrativos de países menos desenvolvidos que souberam adaptar-se e tirar o máximo proveito do processo de liberalização e de globalização posto em marcha pelas economias mais desenvolvidas, ascendendo rapidamente ao grupo de Economias Emergentes. O objetivo desta dissertação é comparar estes dois casos numa área económica específica: o comércio internacional. Neste sentido, optou-se por utilizar dois indicadores relativamente consensuais neste tipo de estudos, o Índice de Vantagens Comparativas Reveladas de Bela Balassa e o Índice Hirschman-Herfindahl, para medir, respetivamente, o padrão de evolução das vantagens comparativas e o nível de concentração das exportações em termos de produtos. Concluiu-se que, no período analisado, de 2003 a 2023, a promoção das exportações adotada por ambos os países estimulou a especialização e a inovação. A China tem mostrado uma transição mais expressiva para produtos manufaturados de maior complexidade, enquanto a Índia continua a concentrar-se principalmente em produtos têxteis e agrícolas.