Aluno: Violeta Vieira Pinto
Resumo
Portugal, historicamente, é um país marcado pela elevada emigração, com vagas
significativas de habitantes ao longo das décadas a sair do país na procura de uma vida
melhor, sobretudo durante crises económicas onde as perspetivas de emprego são baixas
e a instabilidade económica é elevada. Uma ligação foi criada entre as comunidades
portuguesas no estrangeiro e as suas famílias em Portugal, através das remessas.
A presente dissertação analisa o resultado macroeconómico que as remessas de
emigrantes têm na economia portuguesa, com ênfase na evolução histórica e nos fatores
explicativos que condicionam estes fluxos financeiros.
O foco inicial da investigação foi o levantamento e revisão da literatura pertinente,
que estabeleceu fundamentos para a compreensão dos padrões de emigração e das
consequências macroeconómicas das remessas.
Revela-se o papel crucial que as remessas desempenham na economia,
principalmente nos momentos de instabilidade económica, como foi o caso dos
desequilíbrios da balança de pagamentos nas décadas de 1970 e 1980, onde as remessas
contribuíram para a estabilização da economia compensando a escassez de capital
externo. Porém, após a adesão de Portugal à CEE, em 1986, a dependência das remessas
diminuiu, devido ao aumento das ajudas financeiras comunitárias (fundos estruturais).
A análise econométrica realizada, ao período entre 1953-2020, demonstra que não
obstante o impacto positivo do PIB nas remessas, variáveis macroeconómicas como a
taxa de desemprego e a taxa de inflação têm uma capacidade limitada de explicar as
flutuações dos fluxos das remessas. Culmina-se que há outros fatores, estes sociais,
culturais e políticos que também desempenham um papel significativo, sugerindo que a
relevância das remessas transcende explicações somente económicas.
Trabalho final de Mestrado