Aluno: Mariana Maia Almeida
Resumo
A presente dissertação analisa a evolução da repartição funcional do rendimento em Portugal, com atenção particular na relação entre a labour share, que corresponde à parte do rendimento destinada ao fator trabalho, e o poder negocial dos trabalhadores. Nos últimos anos tem-se observado um declínio expressivo da labour share em várias economias desenvolvidas, incluindo Portugal. Esta tendência pode desencadear problemas como a desigualdade, limitações no crescimento económico e complicações na coesão social.
O estudo procura identificar em que medida as variáveis que medem o poder negocial dos trabalhadores direta e indiretamente podem influenciar a labour share em Portugal. Para isso, foram utilizados dados anuais de 1985 a 2022, combinando uma abordagem econométrica macroeconómica, com uma análise institucional, com destaque em dois subsetores específicos – Banca e Calçado e dois setores agregados – Atividades Financeiras e de Seguros e Indústria Transformadora.
Os resultados empíricos sugerem que o impacto positivo da taxa de crescimento real do salário mínimo na labour share refletem que as políticas laborais são significativas e o efeito institucional existe. Já a análise setorial revela que a relação entre o poder negocial dos trabalhadores e a labour share varia consoante o setor: relativamente ao Setor Atividades Financeiras e de Seguros observa-se uma reação dos trabalhadores à queda da labour share, enquanto no Setor Indústria Transformadora, os salários reais mais elevados estão relacionados com uma maior fatia do rendimento que é destinada ao fator trabalho.
Trabalho final de Mestrado