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O lado sombrio do trabalho significativo: Uma revisão sistemática da literatura

Aluno: Maria InÊs Da GraÇa Carita Louro


Resumo
A perceção de trabalho significativo tem vindo a ser amplamente valorizado como fonte de bem-estar, motivação e desempenho no contexto organizacional. Contudo, evidências recentes sugerem que, em determinadas condições, essa perceção pode também gerar efeitos adversos. A presente dissertação visa investigar, mediante uma revisão sistemática da literatura entre 2000 e 2024, as consequências negativas associadas ao trabalho significativo. O estudo foi inicialmente planeado para abranger um período de 24 anos, com o objetivo de captar a evolução da temática ao longo das últimas duas décadas. No entanto, após a filtragem e a análise da amostra, apenas foram incluídos artigos a partir de 2010. A amostra do estudo foi composta por 72 estudos empíricos e teóricos, obtidos a partir da base de dados Web of Science. Os resultados obtidos permitem concluir que o trabalho percecionado como significativo pode, conduzir a burnout, exaustão emocional, frustração, stress crónico, intenção de saída e o conflito trabalho-família. Estas consequências manifestam-se com maior frequência em contexto de vocação intensa, profissões vocacionais, como as da área da saúde e da educação, lideranças toxicas e atribuição de tarefas ilegítimas, crises organizacionais e subemprego, e ainda no contexto de pandemia e digitalização excessiva. Foram identificadas oito teorias principais que explicam estes efeitos, entre as quais se destacam o Job Demands–Resources Model, a Teoria da Conservação de Recursos, a Calling Theory e a Teoria do Esforço-Recompensa. A dissertação identifica, igualmente, práticas organizacionais que podem mitigar os riscos associados ao trabalho significativo, tais como práticas de recuperação de recursos (descanso, acesso a apoio organizacional), a gestão da carga laboral e respeito pelos limites entre o trabalho e a vida pessoal, a segurança psicológica, e a presença de líderes éticos. Conclui-se que o significado no trabalho não é intrinsecamente benéfico, sendo necessário reconhecer a sua ambivalência e assegurar condições que sustentem a experiência de significado, tanto a nível individual como organizacional.


Trabalho final de Mestrado