Sobrecarga de Trabalho, Desempenho e Comportamento Inovador: A Influência do Stress Tecnológico e da Orientação para a Competitividade

Numa época marcada pela cultura do desempenho, pela competitividade global e por ambientes de trabalho cada vez mais dinâmicos e que exigem respostas rápidas, elevada eficiência, inovação contínua e uma constante adaptação tecnológica, os colaboradores são frequentemente confrontados com a necessidade de realizar uma excessiva quantidade de tarefas em curtos espaços de tempo. Esta realidade pode conduzir à sobrecarga de trabalho, comprometendo a gestão do dia a dia, o desempenho e o comportamento inovador dos colaboradores. Paralelamente, a complexidade tecnológica dos ambientes de trabalho, aliada à dificuldade de adaptação a estas novas ferramentas, pode gerar stress tecnológico, um tipo de stress que resulta da dificuldade ou incapacidade de lidar com as exigências tecnológicas. Este fenómeno pode agravar os efeitos da sobrecarga de trabalho, afetando ainda mais o desempenho e a inovação. Contudo, estas dinâmicas não afetam os indivíduos da mesma forma. A orientação para a competitividade, por exemplo, entendida como a predisposição individual para competir com os outros, procurando destacar-se em contextos onde o desempenho é avaliado de forma comparativa, poderá influenciar a forma como eles lidam com estas exigências. Assim, o presente estudo visa analisar a influência que a sobrecarga de trabalho tem no desempenho na tarefa e no comportamento inovador dos colaboradores. Adicionalmente, pretende perceber o efeito mediador do stress tecnológico, e o efeito moderador da orientação para a competitividade. Tendo por base uma amostra de 195 participantes de diferentes setores de atividade, os resultados mostram o efeito negativo entre sobrecarga de trabalho e desempenho na tarefa e comportamento inovador, e o impacto positivo da carga de trabalho no stress tecnológico. Embora a competitividade influencie, por si só, o stress tecnológico, não há evidência de que altere a força ou direção dessa relação. Estes dados reforçam a importância de estratégias de gestão eficaz da carga de trabalho, nomeadamente através de monitorização e análise preditiva, que permitam antecipar picos de trabalho, redistribuir tarefas e promover o bem-estar dos colaboradores.