Assédio moral e cultura organizacional: setor bancário e IT

O assédio moral é um fenómeno reconhecido mundialmente como um problema tanto laboral como social no ambiente organizacional. A sua visibilidade aumentou com a consciencialização sobre os direitos humanos e a cidadania. A cultura organizacional é apontada como um fator que pode potenciar este fenómeno, especialmente em ambientes com hierarquias rígidas, alta competição, ausência de comunicação eficaz e centralização de poder. Quando tolerado, o assédio moral pode normalizar-se dentro da organização, criando uma cultura tóxica onde abusos são vistos como comuns. A proposta de investigação, através de uma abordagem metodológica qualitativa (entrevistas), visa compreender como a cultura organizacional pode fomentar o assédio moral e identifica quais os tipos de cultura que estão mais associados ao seu surgimento e perpetuação. Um estudo comparativo entre o setor bancário e o setor de tecnologia da informação (IT) revela diferenças importantes. No setor bancário, prevalece uma cultura burocrática e hierárquica, com regras rígidas, formalidade e controlo, o que dificulta a inovação e facilita a proliferação de comportamentos abusivos. O assédio moral é muitas vezes normalizado, com exemplos de humilhação pública, abusos verbais e sobrecarga de trabalho, afetando gravemente o bem-estar dos colaboradores. Já no setor de IT, predomina uma cultura de inovação, com flexibilidade, descentralização e incentivo à criatividade. A ocorrência de assédio moral é menos comum e, quando presente, tende a ser vista como casos isolados. As organizações desempenham um papel crucial na prevenção do assédio moral, e medidas como programas de formação, canais de denúncia e o fortalecimento da transparência são essenciais para criar um ambiente de trabalho mais saudável. O estudo conclui que a cultura organizacional pode potenciar o assédio moral, e a sua perceção é fundamental para a implementação de políticas eficazes de combate e prevenção.