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Costa Silva faz críticas à "incapacidade de ação coletiva independentemente do posicionamento político" | O Jornal Económico

Costa Silva lembrou a subcapitalização crónica das empresas e elogiou o papel do Banco Português de Fomento, com a nova liderança, para criar soluções para aumentar a capitalização das empresas. “Temos de pôr as empresas no centro”, defendeu esta terça-feira. Entre os elogios a Francisco Murteira Nabo, que estava a ser homenageado com o título de economista emérito, o ministro António Costa Silva disse esta terça-feira que “temos hoje uma sociedade marcada pela bipolarização, pela fragmentação, pela incapacidade de diálogo”. “Um dos problemas do país nas últimas décadas é esta incapacidade de ação coletiva independentemente do posicionamento político”, disse o ministro, acrescentando que “o país merece que todos se mobilizem para o transformar e desenvolver”. O ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, falava na cerimónia no ISEG que atribuiu o título de economista emérito a Francisco Murteira Nabo, ex-presidente da antiga Portugal Telecom e ex-bastonário da Ordem dos Economistas. António Costa Silva lamentou o revés da globalização e o aumento da fragmentação geopolítica com dois blocos distintos, os Estados Unidos e União Europeia, de um lado, e a China e Rússia, do outro. “Espero que haja caminhos para terminar a guerra”, disse o ministro que considera urgente recuperar a globalização e o comércio internacional. Depois de elogiar a performance económica do país em 2022, após a pandemia, Costa Silva lembrou a subcapitalização crónica das empresas e elogiou o papel do Banco Português de Fomento, com a nova liderança, para criar soluções para aumentar a capitalização das empresas. “Temos de pôr as empresas no centro”, defendeu. Francisco Murteira Nabo foi hoje homenageado no ISEG, onde lhe foi atribuído o título de economista emérito, num evento inserido num Ciclo de Homenagens a Economistas e Gestores de referência enquadrado nas Comemorações dos 25 anos da criação da Ordem dos Economistas. Francisco Murteira Nabo foi bastonário da Ordem dos Economistas entre 2002-2008. Entre muitos outros cargos foi vereador da Câmara Municipal de Lisboa, secretário de Estado dos Transportes e Ministro do Equipamento Social. Na área da gestão empresarial entre outros cargos destacam-se os de presidente do conselho de administração da Companhia Portuguesa Rádio Marconi, da Portugal Telecom e da Galp Energia e, ainda os de vice-presidente da Sorefame, da Nacional e de diretor executivo da Ambelis e da Imoleasing (1997/ 2012). Maria Teixeira Alves

Francisco Murteira Nabo distinguido com título de Economista Emérito | O Jornal Económico

Sessão de homenagem ao antigo secretário de Estado dos Transportes e Ministro do Equipamento Social decorre no âmbito do ciclo de conferências, Economistas que marcaram Portugal. A Ordem dos Economistas vai homenagear Francisco Murteira Nabo, com o título de Economista Emérito, numa cerimónia que irá decorrer no próximo dia 28 de fevereiro, no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa (ISEG) entre as 17h00 e as 19h00, no âmbito do ciclo de conferências dedicado aos Economistas que marcaram Portugal. Conteúdo reservado a assinantes. Para ler a versão completa, aceda aqui ao JE Leitor Rodolfo Alexandre Reis

"Mi casa, su casa": no Carnaval ninguém leva a mal | O Jornal Económico

Caros governantes, a responsabilidade desta crise habitacional é vossa e o ónus da solução terá de ser, também, vosso. A expressão “Mi casa, su casa” significa “Sinta-se à vontade como se a casa fosse sua”. Tendo em conta as notícias sobre a proposta do novo enquadramento de habitação em Portugal tenho dois pressupostos: o primeiro é que tenha sido inspirado nesta frase conhecida espanhola e o segundo é que se trata de uma brincadeira de Carnaval de mau gosto. A 16 de fevereiro e em comunicação oficial do primeiro-ministro, o Governo terá aprovado um conjunto de “medidas que procuram responder de forma completa a todas as dimensões do problema da habitação”. O objetivo será a aprovação definitiva daqui a um mês, o que indica que a janela para explorar porque é que esta proposta é de conteúdo hilário, é curta. Ora, o Estado propõe-se arrendar todas as casas disponíveis durante cinco anos desde que possa subarrendar, mesmo que esta iniciativa seja de forma coerciva e sem intenção proativa por parte do proprietário. A minha dissonância cognitiva com estas iniciativas é que, em final de 2021, o parque habitacional em Portugal tinha aumentado 1,7% para seis milhões de fogos, o que sugere que não existe uma falta estrutural de casas no país. De forma mais granular, estima-se que existem 4,1 milhões de residências permanentes e 1,1 milhões de residências secundárias ou de uso sazonal. Atualmente, 65% das habitações disponíveis são de primeira habitação. Para muitos portugueses, que depois de muito esforço e poupança compram uma segunda residência, que é muitas vezes duplamente fonte de satisfação e local de férias familiares, mas também fonte de reforço a rendimentos parcos e insuficientes vindos de salários pouco competitivos, esta notícia só poderá ser fonte de agressão. Pergunto, se na iniciativa de apropriação coerciva de habitações secundárias estarão incluídas as propriedades detidas por estrangeiros? O Estado Socialista irá ter como prioridade focar em locais detidos por inglês, franceses ou holandeses? Acho improvável… Aliás, julgo que os mesmos estão fora do contexto da lei proposta. Terei lido mal? Assim, a solução será emigrar para não estar contextualizado nesta lei? Será mais uma iniciativa para “fugir” do país? Por outro, como será atribuída o acesso à propriedade de quem mais precisa? Aliás, quais serão os critérios para atribuição de habitação em contexto especial? Em particular, como ação prioritária, presumo que Estado irá primeiro oferecer habitação nos vários imóveis que detém e que estão hoje devolutos ou vazios. Só depois de esgotadas estas opções é que o governo irá recorrer a situações de emergência que incluam a ocupação de imóveis de cidadãos. Certo? Pois, certamente terá de se tratar de um contexto de force majeure para poder justificar a ocupação de propriedades de indivíduos que muito trabalharam, pouparam e investiram para terem estes ativos. É completamente incompreensível que um governo resolva os seus “desafios” através do aproveitamento do “sangue, suor e lágrimas” dos seus cidadãos. Sou totalmente favorável e defensora das condições condignas de vida de quem vive no nosso país – nascidos ou de fora, mas nem sempre os meios justificam os fins. Caros governantes, a responsabilidade desta crise habitacional é vossa e o ónus da solução terá de ser, também, vosso. Não é razoável procurarem nos cidadãos trabalhadores e respeitadores a “saída fácil” de mais um assunto de Estado – porque mi casa é mesmo minha! Joana Santos Silva, Coordenadora do programa executivo Strategic Management & Innovation do ISEG Executive Education

A batalha por mais e melhor inovação

Nas Universidades estamos a atrair, a integrar e a contribuir para criar um capital humano e emocional que pode ajudar a criar e a reter talento, mas quem pode ficar? Para sobreviver e prosperar as empresas necessitam de uma liderança estratégica baseada na inovação. A criação de inovações de maior valor acrescentado depende do conhecimento (técnico e de mercado), da adaptação ao conhecimento futuro e da criação de novo conhecimento. No entanto, segundo um estudo patrocinado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, apenas um terço dos gestores de empresas tem formação superior. Este menor nível educacional pode gerar fragilidades técnicas e de gestão que colocam as nossas empresas numa situação desfavorável perante o conhecimento e, consequentemente, com uma menor capacidade de inovar e liderar os mercados onde operam. Acresce ainda que não temos sido especialmente atrativos de população natural dos países mais desenvolvidos (Censos 2021) e isto poderá ter influência na capacidade das nossas empresas de conhecer e penetrar mercados que, com maior poder de compra, têm capacidade de pagar produtos e serviços de maior valor acrescentado. A qualidade do Ensino Superior em Portugal não parece ser um problema, com Instituições com elevado reconhecimento internacional. Ou seja, o instrumento para operar a mudança existe e é competente para tal. O que falta, então? Paradoxalmente, faltará a muitos a consciência de que a experiência Universitária pode adicionar valor a uma carreira construída com base na prática de um ofício. Melhorar a consciência coletiva não será tarefa fácil, mas passará, necessariamente, por um discurso público de valorização das Instituições do Ensino Superior e da respetiva materialização desse discurso em decisões que melhorem o estatuto dos Professores e dos Investigadores na hierarquia das funções públicas. Se o Conhecimento é hoje mais importante do que nunca, que sentido faz que quem o produz e dissemina seja hoje menos valorizado pelo Estado do que no passado? Relativamente à retenção de recursos humanos qualificados no nosso país, a razão para ficar será mais emocional do que racional. Para os nacionais, a família, os amigos, o conforto do conhecido, o clima, o mar… E para os estrangeiros que nos visitam (cada vez mais) para complementar a sua educação superior? A decisão de ficar ou ir embora é completamente racional? Daquilo que observo na Universidade, parece-me que não. Por exemplo, no ISEG, onde leciono em Inglês Gestão da Inovação, dos trinta Alunos que frequentam esta unidade curricular optativa – do último ano das licenciaturas – tenho: sete alemães, cinco franceses, quatro portugueses, dois representantes do Brasil, da Bulgária e da Espanha e representantes únicos da Argentina, Coreia do Sul, Dinamarca, Itália, Perú, Polónia, Rússia e Suíça. Estes e outros alunos internacionais referem-me, frequentemente, que estão a gostar muito da experiência educativa e pessoal vivida em Portugal e que não se importavam de continuar por cá a fazer um mestrado e depois ingressarem numa carreira profissional. Como curiosidade, lembro-me de ter perguntado a um aluno de Erasmus (Italiano, creio), que encontrei num contexto não académico, se ele estava a gostar da sua estadia em Portugal e de ele me ter respondido: “Sim, mas nunca estudei tanto na minha vida!”, referindo, logo de seguida e com um indesmentível orgulho, que estava a terminar o seu programa de Erasmus no Instituto Superior Técnico. Isto é um sinal de que as Universidades estão a atrair, a integrar e a contribuir para criar um capital humano e emocional que pode ajudar o país a reter e capturar talento estrangeiro de todo o mundo. Mesmo dos países mais desenvolvidos. Mas este trabalho a montante está a ser minado por uma falta de empresas/gestores capazes de oferecer salários e condições (e.g., work-life balance) que se aproximem suficientemente do que se oferece “lá fora”. O capital emocional criado dá-nos uma vantagem, uma preferência, mas não chegamos a beneficiar desta quando oferecemos metade do ordenado conjuntamente com metade do tempo livre. Mal pagos e a poder desfrutar da beleza do nosso país apenas pela janela do escritório… quem pode ficar? Ricardo Belchior, Professor de Empreendedorismo e Inovação, ISEG

ISEG revê em alta meta do PIB: "o crescimento mais provável em 2022 será de 6,7%"

Segundo a Síntese de Conjuntura divulgada esta sexta-feira, caso se verifique um crescimento em 6,7%, “o PIB de 2022 terá recuperado o nível pré-pandemia e situar-se-á cerca de 3,2% acima do registado em 2019”. “O crescimento mais provável em 2022 será de 6,7%, valor que, apesar do pessimismo e da queda da confiança registada depois do 1.º trimestre, ultrapassa as expectativas iniciais”, adianta a Síntese de Conjuntura do ISEG divulgada esta sexta-feira, 18 de novembro. Em outubro, o grupo de análise económica do ISEG previa um crescimento da economia entre 6,4% e 6,6% do Produto Interno Bruto (PIB). A concretizar-se, esta revisão em alta das estimativas do crescimento para 6,7%, “o PIB de 2022 terá recuperado o nível pré-pandemia e situar-se-á cerca de 3,2% acima do registado em 2019”. “Esta recuperação, em dois anos, compara favoravelmente com a recuperação média da Área Euro”, salienta o ISEG. Para o último trimestre do ano, os economistas consideram que ainda existem poucos dados disponíveis, salvaguardam que este quarto trimestre está “sujeito aos impactos da inflação e das medidas compensatórias” e que não é ainda possível adiantar “se a economia irá crescer ou decrescer em cadeia”. Quer suba quer caia, “as variações serão reduzidas” na evolução em cadeia, acrescentam os economistas. Em termos homólogos, no quarto trimestre, o ISEG indica que “é esperada uma desaceleração do crescimento devido a efeitos base positivos mais reduzidos (face aos trimestres anteriores), previsivelmente para valores ligeiramente abaixo ou em torno de 3%”. Na proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), o Governo estima um crescimento do PIB de 6,5% em 2022. Almerinda Romeira

A sustentabilidade ou a morte

Os problemas com o meio ambiente e com as desigualdades sociais não nos são externos, como se existissem num plano dos outros, que escolhemos ou não dar atenção. A sustentabilidade é multidimensional, e envolve múltiplos desafios aos governos, empresas e cidadãos, numa altura a que assistimos ao COP27 e aos movimentos de jovens, enquanto a inflação, sobretudo nos preços da energia, e a guerra na Ucrânia ameaçam colocar retrocessos significativos aos avanços no sentido de implementar alterações nos sistemas económicos para os tornar menos impactantes no meio envolvente, mais justos socialmente e mais transparentes. O consumo de recursos correntes, para ser sustentável, deve atender ao impacto nas gerações futuras ou, por definição, falhará na sua sobrevivência. Esta morte anunciada será tanto metafórica quanto real, com redução da biodiversidade, a baixa resiliência das economias e das empresas, e a extinção última do planeta. O primeiro grande desafio que se coloca a todos é o de compreender que a sustentabilidade é inerente à sobrevivência dos indivíduos, governos e empresas. Os problemas com o meio ambiente e com as desigualdades sociais não nos são externos, como se existissem num plano dos outros, que escolhemos ou não dar atenção. Para os governos, os desafios correspondem a repensar e criar as estruturas subjacentes para a mudança. O atual sistema económico recompensa frequentemente as práticas mais insustentáveis. Assim, prolonga a patologia do status quo, monopoliza os recursos, mantém a estrutura de poder e diminui a oportunidade de um novo sistema a ser projetado e construído que sirva as pessoas e o ambiente de forma sustentável. Exemplos disso são a subsidiação de práticas económicas insustentáveis, a industrialização na exploração dos recursos naturais e a consideração da natureza e perpetuação das desigualdades sociais como um subsistema económico, utilizados como mercado de fatores na criação de atividades comerciais. A legislação e regulação ambiental e de sustentabilidade tem apenas adiado a destruição, sem efetivamente proteger a natureza e as pessoas. O desempenho da sustentabilidade está, também, a tornar-se um barómetro do desempenho global das empresas, onde já não é suficiente concentrar-se apenas nos retornos financeiros. Não integrar a sustentabilidade na estratégia de uma empresa e nas operações diárias resultará na perda de capital, clientes e talento. Esta é uma oportunidade para as organizações, mas para ser bem sucedida tem de ser central tanto para os novos como para os modelos de negócio existentes. Simplesmente vê-lo como mais um custo a suportar ou a regulamentação a ser cumprida não trará os seus benefícios reais e transformadores. Como a meta da sustentabilidade é tão complexa, as empresas precisam de um motor de transformação para alcançar o impacto desejado e sustentar os resultados. Este requer capacitação do líder, envolvimento das pessoas e certeza na execução, incluindo uma forte governação e supervisão apoiada por processos rigorosos e rastreamento, assentes numa comunicação clara e cultura empresarial forte. Finalmente, para que as estratégias de sustentabilidade se concretizem, é vital definir uma mistura de metas de longo prazo e de curto prazo. Simplesmente dizer que se vai conseguir emissões zero em 2050 não é suficiente, é necessário um plano que mapeie os passos de curto prazo que levarão a tal. É fundamental começar agora com uma estratégia concreta e planos detalhados e envolver a cadeia de valor mais ampla. O tempo urge e os desafios são complexos. Na língua de Shakespeare, o momento é “do or die”. Tiago Cruz Gonçalves, Professor do ISEG e coordenador do Mestrado de Finanças e da Pós-graduação de Análise Financeira

Jovens universitários atentos e preocupados

Nas aulas, é evidente a enorme preocupação dos jovens com o seu futuro, que é também o futuro do país, algum descrédito sobre o andamento da economia e a intervenção do Estado, e até da teoria económica que embeleza os manuais. A experiência de ensinar alunos que ingressam no primeiro ano da Universidade é um desafio contínuo e muito gratificante. É bom olhar para alunos interessados no que à economia diz respeito, em particular num momento tão crítico da economia nacional e internacional. É esta a experiência ao longo dos anos e que, mais uma vez, se evidencia nas conversas que emergem no decurso das aulas de economia no ISEG, também no atual ano letivo. Os alunos mostram interesse, vontade de ouvir e dedicam-se às matérias lecionadas, procurando enquadrar a teoria, na evolução da economia real. E, eu, desempenho o meu papel, passando os conceitos essenciais da microeconomia, procurando dar-lhes respostas que os façam refletir e ter um pensamento crítico. Foi numa destas sessões que uma das discussões surgiu, quando se falava dos efeitos dos impostos sobre o bem-estar, em que se argumentava que a introdução de um imposto gerava perda de bem-estar social líquida para a sociedade, porque afastaria o equilíbrio da situação de concorrência perfeita, onde a teoria nos diz que o bem-estar social é maximizado. Segundo esta mesma teoria, o equilíbrio de mercado, com imposto, dar-se-ia a um nível menor de quantidade transacionada, originava perdas de bem-estar nos consumidores e produtores, as quais não conseguiam ser totalmente compensadas pela receita fiscal acrescida. Um aluno do primeiro ano questiona, “mas, Professora, que garantias temos que a receita fiscal reverta para a sociedade. Estaríamos dispostos a ter uma perda líquida de bem-estar resultante desta intervenção do Estado, isto é, a afastarmo-nos da situação de livre concorrência de mercado, se o acréscimo de receita fiscal daí decorrente fosse bem distribuído”. Subjacente a isto, estaria o sacrifício da eficiência em prol da equidade. Disse-lhes que o Estado, através dos gastos públicos, nomeadamente em setores prioritários como a saúde, a educação, a habitação e os apoios sociais e, nos diversos apoios que concede às empresas, faria regressar esta redução do excedente dos agentes económicos, novamente para o benefício das famílias e empresas; que o Estado, poderia canalizar os seus recursos para políticas redistributivas e investimentos estruturantes e mais um sem número de coisas úteis. A conversa foi evoluindo com argumentos que extravasavam o aspeto essencial da matéria e é esse o ponto onde pretendo também chegar. As palavras são como as cerejas e aquilo que de essencial se retirou da conversa foi uma enorme preocupação destes jovens com o seu futuro, que é também o futuro do país, algum descrédito sobre o andamento da economia e sobre a intervenção do Estado e até da teoria económica que embeleza os manuais. O ambiente geral é bem este: interesse pelos assuntos económicos, o que se afigura como positivo, afinal são alunos de economia, a consciência de que o Estado tem um papel a desempenhar através de uma boa regulação económica e, ao mesmo tempo, a grande preocupação com as circunstâncias que afetam o seu quotidiano, quando, por exemplo, observam as dificuldades em alugar um quarto, num contexto de preços da habitação muito elevados, quando tomam consciência das dificuldades dos pais em os manterem no ensino superior, ou quando revelam preocupações com as dificuldades de uma inserção no mercado de trabalho, que lhes proporcione oportunidades adequadas às competências que adquirem na faculdade. Isto não deve ser interpretado com o egoísmo da preocupação com o eu. Afinal, é aos jovens que está destinado o trabalho de fazer avançar a economia, com as suas competências e inteligência e com quem queremos e devemos contar. Por isso os queremos confiantes, sendo nosso dever atuar e dar argumentos que estimulem essa confiança. Maria Rosa Borges, Professora Catedrática do ISEG