Jovens a saírem mais cedo de casa dos pais?
Dados recentes do Eurostat referem que a idade média de saída de casa dos pais, dos jovens portugueses, em 2022, recuou para 29,7 anos. Este valor compara, no imediato, com o ano de 2021 em que a idade média era de 33,6 anos, ou seja, menos 3,9 anos. Um olhar direto sobre a evolução nestes dois anos não pode deixar de nos surpreender pela positiva, se encararmos a saída de casa dos progenitores como algo desejado pelos jovens, que tendo finalizado os estudos superiores e iniciado a sua atividade profissional querem experienciar uma vida autónoma e independente
Contudo, se compararmos a situação portuguesa com a de outros países europeus, continuamos a estar no grupo de países (onde estão maioritariamente os países do sul e leste da Europa) em que mais tarde se autonomizam os jovens. Situação diferente ocorre nos países do norte da Europa, em que, por questões económicas mais vantajosas, mas também culturais, os jovens se emancipam mais cedo.
Maria Rosa Borges, Economista, Professora do ISEG
ISEG reconhece mérito de novos alunos com propina zero
O Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), pela primeira vez vai atribuir bolsas de mérito aos novos alunos com as médias mais altas de entrada, no ano letivo de 2023/2024, oferecendo a possibilidade de isenção do pagamento de propina do 1.º ano.
“Para usufruir desta bolsa, os alunos devem, obrigatoriamente, ter colocado o ISEG em 1ª opção na candidatura ao ensino superior e é exigido que tenham uma média de entrada igual ou superior a 17,50 valores para as matrículas nas licenciaturas de Economia, Gestão, Economics, Management e Finance e uma média de entrada igual ou superior a 18,50 valores para alunos que se tenham matriculado na licenciatura de Matemática Aplicada à Economia e à Gestão (MAEG)”, refere o ISEG.
João Duque, presidente do ISEG, realça a importância desta iniciativa em comunicado, dizendo que “o ISEG sente-se responsável por atrair e reter o talento jovem português para a sua educação na área da decisão económica e empresarial, mas pretende ir muito além disso”.
“O programa de bolsas de mérito visa não só reconhecer o mérito académico dos estudantes, mas também facilitar o acesso à educação de qualidade, apoiando as famílias de menor rendimento a suportar os estudos dos seus filhos. É criminoso, pessoal e socialmente, que alguém com talento deixe de estudar por não ter condições para pagar os estudos”, afirma.
A captação do talento começa numa fase precoce da vida, oor isso o ISEG “está empenhado em apoiar e reter jovens com ambição e potencial, proporcionando um ambiente internacional de excelência, no qual os estudantes poderão desenvolver as suas capacidades tanto em língua inglesa, como em português”.
O programa de bolsas de mérito do ISEG promove ainda a noção de solidariedade intergeracional. “Os beneficiários deste programa serão incentivados a assumir o compromisso de retribuir à sociedade e às gerações futuras o benefício que agora recebem, através do sucesso que alcançarão nas organizações onde colaborarão no futuro”, acrescenta.
“O ISEG tem tempo para esperar pelos seus filhos e sabe que eles vão retribuir com o sucesso das organizações em que irão colaborar e através delas permitirem essa cadeia de solidariedade de mérito que já dura há 112 anos!”, conclui o presidente do ISEG.
Maria Teixeira Alves
A sustentabilidade como fator de competitividade para as PME
Os desafios associados à gestão dos riscos climáticos e de sustentabilidade não incidem apenas sobre as grandes empresas. Na realidade, as Pequenas e Médias Empresas (PME) também serão pressionadas de forma crescente dentro 18 meses pelo mercado.
Em 2026, todas as grandes empresas, cotadas e não cotadas, terão de publicar anualmente um relatório único de gestão que inclui uma secção sobre sustentabilidade. Nesta componente de sustentabilidade, a empresa tem de seguir as linhas orientadoras da Comissão Europeia, existindo para esse fim 12 standards.
Assim, a empresa terá de reportar anualmente um conjunto de informação e práticas de sustentabilidade. A nível ambiental, terá de reportar sobre as suas práticas e compromissos de mitigação e adaptação climática, poluição, biodiversidade, economia circular e água e recursos marinhos. A nível social, terá de conseguir explicar a sua gestão, práticas e compromissos para com os colaboradores, para com a sua cadeia de valor (fornecedores), comunidades e consumidores finais dos produtos e serviços que vende.
Ao nível da chamada Governação, e apenas um exemplo, as empresas que não tenham ainda quaisquer políticas anti-corrupção ou anti-suborno consistentes com a convenção das Nações Unidas contra a corrupção, terão de divulgar se têm ou não um plano para a implementação destas políticas, e o calendário do mesmo.
As grandes empresas também terão de divulgar a forma como interagem com a sua cadeia de valor. Tal significa que a empresa tem de explicar qual é a sua estratégia relativamente ao seu relacionamento com fornecedores, no que se relaciona com os riscos de sustentabilidade ao longo da sua cadeia de valor; se tem ou não um conjunto de critérios ambientais e sociais quando analisa e escolhe os seus fornecedores, e quais as práticas que a grande empresa tem para apoiar os fornecedores mais vulneráveis e ajudá-los a melhorar o seu desempenho social e ambiental.
Esta obrigatoriedade irá levar a que, também as PME (não cotadas), que não são obrigadas “por lei” a reportar os temas de sustentabilidade, passem a ser pressionadas pelos seus clientes para terem, e divulgarem, estas boas práticas.
É importante as PME compreenderem que todas as grandes empresas (que são os seus clientes) irão, tendencialmente, ter critérios próprios de sustentabilidade para selecionar os seus fornecedores. Como vimos, é obrigatório as empresas reportarem se têm ou não esta medida, pelo que a maioria irá implementá-la.
Estes critérios irão analisar e selecionar os fornecedores que conseguirem comprovar, por exemplo, que têm uma estratégia e plano de ação para a transição energética, políticas de combate à corrupção, informação sobre o seu desempenho ambiental, social e de governação (ESG na sigla internacional) e que a conseguem divulgar de forma clara e transparente.
As grandes empresas que têm de reportar estes temas em 2026 devem compreender que adaptar os seus sistemas de gestão à gestão sustentável demora algum tempo, é desafiante, incontornável, e quanto mais cedo o começarem a fazer, melhor.
As PME devem compreender que, apesar de não serem obrigadas por lei a ter essas boas práticas, os seus clientes vão ser obrigados a divulgar de que forma incorporam os temas da sustentabilidade ao longo da sua cadeia de valor, pelo que a seleção dos fornecedores passará também pelas boas práticas que estes possam ter.
O IAPMEI tem vindo a divulgar no seu site um conjunto de informações sobre estes temas, que podem ajudar as PME a compreender o que devem desde já fazer para transformarem os temas da sustentabilidade em fatores diferenciadores e competitivos. Os primeiros a conseguirem demonstrar as suas boas práticas, serão aqueles que estabelecerão relacionamentos mais próximos e sólidos com os seus clientes que são as grandes empresas europeias.
Sofia Santos, Professora no ISEG
Universidades e politécnicos esgrimem o trunfo da empregabilidade
Como é que a sua instituição olha para a saída profissional dos cursos? Como melhora a empregabilidade?
Paulo Águas
Reitor da Universidade do Algarve
A Universidade do Algarve (UAlg), e admito que as demais instituições de ensino superior, atribui grande importância às saídas profissionais dos seus diplomados. Desde logo, no desenvolvimento da oferta formativa, ou seja, no portfolio de cursos oferecidos. As saídas profissionais constituem um dos elementos caracterizadores dos ciclos de estudo, sendo alvo de ampla divulgação.
Desde 2018 que é oferecido o “Curso Competências para Vida” que promove competências para o desenvolvimento pessoal, o sucesso académico e para uma melhor preparação para a vida profissional. Habitualmente no mês de outubro são promovidas um conjunto de iniciativas no sentido de desenvolver competências transversais, que possam ajudar a preparar os estudantes para alcançar os seus objetivos académicos e profissionais.
A tendência é para que, ao longo do curso, os estudantes tenham mais interações com o mercado de trabalho.
Estudantes e alumni da UAlg têm ao seu dispor um portal de emprego com oportunidades de emprego e de estágios profissionais exclusivas. O portal permite, ainda, a obtenção de informação útil em matéria de mercado de trabalho e empregabilidade, consultar o perfil das empresas, tomar conhecimento de eventos promovidos pelas empresas ou pela UAlg e tomar conhecimento de experiências partilhadas por outros colegas ou partilhar a sua própria experiência. Através do programa de mentoria alumni pretende-se proporcionar aos estudantes acesso a novas oportunidades de conhecimento do mercado de trabalho e iniciar a sua rede de contactos profissionais.
Desde 2016 que o Gabinete Alumni e Saídas Profissionais promove uma Feira Anual de Emprego. A partir desse ano passou a ser realizado um inquérito para avaliar a inserção do recém-diplomados no mercado de trabalho, que recolhe informação sobre o grau de adequação da formação obtida.
Ferrão Filipe
Vice-Reitor da Universidade Portucalense (UPT)
Assistimos a uma evolução da sociedade, das relações laborais, das empresas, das profissões e das competências técnicas, pessoais e sociais nelas envolvidas, cada vez mais complexa traduzindo-se numa dinâmica em espiral que obriga a uma preparação adequada e contínua, para enfrentar os desafios atuais e futuros. Estamos perante um cenário que impõe a criação de uma cultura de aprendizagem ao longo da vida e é neste caminho que a Universidade Portucalense se coloca. Promove-se continuamente a atualização do curriculum dos cursos, tendo em atenção a integração de diferentes metodologias que promovam o saber, mas e principalmente o saber/fazer e o saber/ser, num contexto de aprendizagem contínua e experiencial, preparando os estudantes para a sua inserção e/ou progressão no mercado de trabalho e na vida. Mas a preocupação da UPT é mais extensa englobando os profissionais já inseridos no mercado de trabalho. Para este efeito acabamos de formalizar a criação das designadas Microcredenciais. Estas são diversas formas, flexíveis e modulares, de aprendizagem personalizada, independentes das qualificações anteriores, mais curtas e intensas que as formações tradicionais, apostando na diversidade e na criatividade.
Manuel Matos
Vice-Presidente
do Politécnico de Lisboa
A empregabilidade é uma questão incontornável para as instituições de ensino superior, que são escrutinadas pelos alunos que as procuram, por entidades externas, por empregadores e por organismos oficiais. Pela importância da área, o Politécnico de Lisboa tem vindo a investir de diferentes formas na área da Empregabilidade. A colocação dos nossos diplomados (licenciados e mestres) no mercado de trabalho conta com o apoio de uma plataforma específica em que se incluem mais de 400 empresas potencialmente recrutadoras. Os nossos diplomados são depois acompanhados através de um grupo de trabalho dedicado às suas Trajetórias Académicas e Empregabilidade. Este acompanhamento permite recolher as contribuições dos nossos alumni para a melhoria dos cursos quando já inseridos no mercado de trabalho.
O Politécnico de Lisboa oferece licenciaturas e mestrados nas áreas das artes, ciências empresariais, comunicação, educação, engenharia e saúde. Os cursos apresentam taxas de empregabilidade média acima de 95%, mas muitos dos cursos apresentam uma empregabilidade de 100% (dados oficiais da DGEEC).
Paula Castro
Diretora da Escola Superior
de Biotecnologia da UCP
Enquanto diretora da Escola Superior de Biotecnologia vejo um diploma universitário como um “passaporte” para a vida e entendo que um foco estrito nas saídas profissionais clássicas já não responde às exigências do mercado de trabalho. O tal “passaporte” termina carimbado por descobertas e vivências que conduzem cada aluno a um percurso único, valorizando-o e acrescentando-lhe competitividade.
Para alguém se preparar para o tsunami que a inteligência artificial está a induzir nos empregos deve, mais do que pensar em profissões, conhecer-se a si próprio e respeitar a sua motivação interior. Queremos que os nossos estudantes cheguem ao final do curso confiantes nas suas capacidades. Esses são os que vencem o futuro!
A nossa oferta em ciências e tecnologia também tem vindo a evoluir para fazer face à turbulência dos tempos. Para além do conhecimento como matriz, inclui competências que preparam para atividades profissionais que, em grande medida, ainda nem existem. Por isso criamos espaço para a interdisciplinaridade, o cruzamento com as humanidades, a aprendizagem à base de projetos e da investigação e, sobretudo, para a capacidade de pensar, sentir o mundo, evoluir e gerar o próprio conhecimento. Não me parece que os computadores alguma vez possam substituir-nos nisso.
Helena Faria
Diretora do Careers Services
do ISEG
No ISEG – Lisbon School of Economics & Management, a taxa de empregabilidade é superior a 98%, quer para os alunos de licenciatura, quer para os de mestrado. Os nossos alunos atuam num mercado muito competitivo, mas simultaneamente com muita procura, verificando-se, inclusive, um número de ofertas de emprego muito superior aos recursos disponíveis.
Porquê o nosso sucesso? A sólida formação académica associada a uma forte componente quantitativa, que desenvolve um elevado raciocínio lógico, um pensamento estruturado e conceptual, com capacidade para pensar e encontrar soluções para desafios, são requisitos essenciais procurados pelas empresas, a par de um adequado perfil pessoal assente em competências e caraterísticas chave.
Hoje as organizações recrutam, tendencialmente, com base nestes requisitos: elevado potencial cognitivo associado as sólidas competências pessoais, independentemente das áreas académicas de onde vêm. Isto faz com que os alunos do ISEG tenham uma elevada procura, da qual resulta uma rápida integração no mercado. Não obstante, a Escola deve continuar a investir no desenvolvimento das soft skills: algumas delas podem ser trabalhadas em sala de aula e outras através de atividades extracurriculares, que tanto incentivamos. As experiências da vida pessoal são igualmente importantes nesta equação. No topo das competências a desenvolver assinalo a resiliência (tão importante e valorizada pelas empresas), a liderança e as competências de comunicação.
O nosso objetivo é inspirar os alunos a pensar de forma crítica, a agir eticamente e a ter um impacto positivo na sociedade para se tornarem os líderes de amanhã, através de um compromisso entre a excelência académica, a pedagogia inovadora e o crescimento no domínio da economia e da gestão. Acima de tudo, acreditamos que a educação é um privilégio e que devemos utilizar os nossos recursos, os nossos conhecimentos e a nossa paixão para ter um impacto positivo na vida dos nossos alunos, da nossa comunidade e do mundo em geral.
Nós somos o ISEG e estamos empenhados em moldar o futuro através da educação.
Mariana de Sousa
Coordenadora do Career Office do ISAG – European Business School
No ISAG – European Business School (ISAG-EBS) temos a noção do que o mercado pretende, procura e privilegia. A nossa estreita ligação com as empresas, e a constante “monitorização” da evolução empresarial e económica, é o melhor garante de que os nossos cursos estão adaptados às necessidades e potenciam saídas profissionais adequadas.
Essa ligação ao mundo empresarial é também fortalecida através dos estágios que proporcionamos aos nossos estudantes durante a sua formação. São mais de 950 parcerias ativas em todo o mundo, o que é um aliciante adicional para os nossos estudantes.
Formamos profissionais que deixam a sua marca nas organizações que integram e que são o nosso melhor cartão de visita, que se traduz num índice de empregabilidade de 98%, que orgulhosamente registamos. Há todo um trabalho com os alunos que nos conduz a este resultado.
Mais do que garantir a empregabilidade, dispomos de serviços de apoio ao desenvolvimento dos estudantes, que procuram dar resposta às suas necessidades e contribuir para o seu sucesso académico, pessoal e profissional. Para nós a relação com os alunos não se deve esgotar no estudo e mantêm-se mesmo depois de terminado o curso, pelo que, para nós, é crucial a Rede Alumni.
Os Alumni são importantes stakeholders pelo seu contínuo investimento no sucesso do ISAG-EBS, esperando que o valor da sua formação se mantenha, e que possa ser atualizado de forma contínua. A Rede Alumni permite o acesso a uma rede de contactos que oferece oportunidades de negócio e a possibilidade de expansão e progressão profissional, o desenvolvimento de talento e de novas oportunidades profissionais. É este o propósito que une o ISAG-EBS e os seus estudantes.
Carlos Mata
Vice-Presidente do IPS
para a Empregabilidade
O Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) mantém-se há vários anos no topo da empregabilidade do Ensino Superior Politécnico, com uma taxa de 96,6%. Um resultado que é consequência de uma aposta clara na inserção profissional dos seus estudantes/diplomados e que se traduz em várias medidas, desde logo na forma como são desenhados os cursos, a maioria deles com estágio curricular incluído, e na formação em contexto de trabalho, em estreita articulação com os empregadores.
Fora das salas de aula, o IPS criou várias iniciativas que permitem aproximar os estudantes da realidade laboral e complementar o conhecimento técnico com competências transversais hoje muito valorizadas. Neste âmbito, merece especial destaque a Semana da Empregabilidade, evento anual que tem como principal atrativo a oferta de vários momentos onde é possível a interação direta entre estudantes e potenciais empregadores, nomeadamente através da Feira de Emprego, que habitualmente mobiliza mais de 120 empresas e organizações. Já o nosso Programa de Mentoria tem confirmado a importância estratégica de colocar em contacto diplomados (mentores) e estudantes da instituição (mentorandos), num registo de acompanhamento/aconselhamento. Esta é mais uma forma de dar a conhecer a quem estuda os desafios reais do mercado, numa lógica de parceria que permite a troca de conhecimentos, experiências e pontos de vista, bem como a reflexão sobre projetos de vida e de carreira. Com o Passaporte para o Emprego criámos uma ferramenta que permite enriquecer o percurso académico com a frequência de várias atividades – seminários, workshops, conferências – que ficam depois registadas no seu Suplemento ao Diploma como formação complementar. E com a nossa incubadora de Ideias de negócio – IPStartUp – promovemos o empreendedorismo, outra das formas de reforçar, e também de diversificar, a empregabilidade.
Filomena Soares
Vice-Reitora para a Educação Mobilidade Académica da Universidade do Minho
Guilherme Pereira
Pró-Reitor para Avaliação Institucional e Projetos Especiais da Universidade do Minho
A Universidade do Minho assume, na região e no país, uma responsabilidade na capacitação das pessoas, proporcionando uma educação de qualidade, quer na formação de base quer na formação avançada e ao longo da vida.
A UMinho, no desenho dos seus programas educacionais, está atenta às novas áreas emergentes, às necessidades das organizações e às saídas profissionais dos seus estudantes. A UMinho vem afirmando um compromisso com a promoção de percursos educativos complexos, valorizando a qualidade da formação especializada, a articulação dos currículos com os contextos de trabalho e o desenvolvimento de competências transversais. A forte implementação industrial na região do Minho permite a estreita colaboração com as empresas em projetos educacionais, de investigação e de extensão. A complexidade dos problemas exige, muitas vezes, a adoção de abordagens multidisciplinares. A UMinho tem a este propósito uma história particularmente rica, que fomenta a colaboração de diferentes escolas, diferentes áreas do saber, no desenho de cada ciclo de estudos. A UMinho tem vindo a desenvolver um conjunto de iniciativas que visam a monitorização do percurso profissional dos seus diplomados, de forma a promover mecanismos de aproximação às realidades do mercado de trabalho, através do desenvolvimento de competências técnicas e transversais. Destaca-se, também, a Aliança de Pós-Graduação, criada em estreita interação com a sociedade e as organizações, numa aposta na melhoria das qualificações dos licenciados.
Helena Correia
Associate dean for Undergraduate Education da Católica Porto Business School
Na Católica Porto Business School olhamos de forma proativa e antecipando tendências. Há vários eixos de diferenciação relevantes. Essas diferenças decorrem da nossa conceção da formação como uma experiência holística de aprendizagem e de vida, que desenvolve, para além das competências técnicas (hardskills), competências transversais e comportamentais (softskills) que são fundamentais na atual envolvente empresarial. A CPBS tem uma ligação muito forte com a realidade económica e empresarial, proporcionando aos alunos o acesso a uma rede estruturada de potenciais empregadores. E esta estreita ligação também nos permite antecipar e adaptar a oferta formativa às necessidades das organizações, da qual resulta uma constante inovação de programas e de metodologias. Alguns exemplos são o investimento crescente na inovação de práticas pedagógicas, através da aplicação de metodologias como project-based learning e aprendizagem-serviço em várias disciplinas, procurando que a experiência do aluno tenha sempre uma forte vertente aplicada. Também o reforço de temáticas ligadas à digitalização e tecnologias de informação de forma transversal. Ou a inclusão, nas licenciaturas, de um semestre opcional proporcionando-se aos alunos a oportunidade de aprofundarem o seu conhecimento numa área específica de interesse (Practice) ou de terem uma experiência de estágio internacional protocolado pela CPBS (Global). Ao longo de mais de 30 anos, a CPBS tem preparado profissionais para carreiras em Portugal e/ou no estrangeiro. A experiência formativa na Escola caracteriza-se também por uma significativa componente internacional, seja através da realização de disciplinas fora do país em programas de mobilidade, de missões internacionais, de trabalhos com alunos provenientes de outras geografias, ou ainda de disciplinas lecionadas em inglês. A excelência da nossa proposta de valor é confirmada não só pela elevada taxa de empregabilidade dos nossos alunos, mas também pelas contínuas renovações das acreditações a nível nacional e internacional. Com um modelo de ensino que dá prioridade à aproximação ao mercado de trabalho, através de uma forte cooperação universidade-empresa, que coloca os nossos alunos numa posição de vantagem para o início da sua vida profissional. Assim, a CPBS alinha a atividade de formação com a sua missão: preparar profissionais para os negócios globais com um grande foco no empreendedorismo, na sustentabilidade e no respeito pelas pessoas, antecipando as necessidades futuras das organizações e promovendo o desenvolvimento científico e o conhecimento aplicado.
Maria José Fernandes
Presidente do IPCA e do CCISP
O IPCA – Instituto Politécnico do Cávado e do Ave – procura alinhar todos os cursos com as estratégias estabelecidas pelas empresas, evitando duplicações na oferta já existente noutras instituições. Além das licenciaturas, oferecemos cursos de mestrados e mestrados profissionais de curta duração, com a finalidade de reconhecer as competências que os candidatos já possuem na área específica onde trabalham. Também são oferecidos cursos técnicos superiores profissionais, em parceria com empresas, visando formação prática e técnica. As empresas são ouvidas no desenho dos currículos, sendo que grande parte dos cursos são construídos em parceria e muitas destas empresas financiam bolsas de estudo aos estudantes que cobrem as propinas. Parte dos cursos são ministrados no contexto empresarial e industrial com empregabilidade imediata. A duração dos CTeSPs é de dois anos, com um ano e meio em sala de aula e meio ano de estágio empresarial. Depois do estágio, o estudante obtém um diploma técnico, podendo prosseguir para uma licenciatura, se desejado. Como o IPCA oferece programas de ensino pós-laboral, muitos destes alunos (que já ficam no mercado após o estágio) optam por continuar os estudos nessa modalidade. Esta oferta tem sido uma resposta muito positiva para as empresas da região. O IPCA orgulha-se de ser uma referência a nível nacional em áreas como a Contabilidade e Fiscalidade, o Design e a Tecnologia. Está, também, a crescer no domínio da Hotelaria e do Turismo. Investimos na relação com o mercado e oferecemos formações nos diferentes níveis em parceria com empresas da região, de acordo com as reais necessidades das empresas. O que gera capacitação, empregabilidade e desenvolvimento.
Pedro Pinheiro
Presidente do ISCAL
As instituições de ensino superior devem encarar a empregabilidade como uma variável de desenvolvimento estratégico e como tal monitorizá-la de forma adequada. A análise do nível e qualidade da empregabilidade, dois conceitos de natureza distinta que muitas vezes são utilizados de forma indistinta, permitem a obtenção de um conjunto de indicadores de medição da adequação do processo formativo, tendo em consideração as necessidades do mercado e dos seus agentes. Assim, importa salientar que a empregabilidade decorre, em grande medida, da forma com o processo de definição e atualização da oferta formativa é encarado pelas IES. (…) Por outro lado, além do desenvolvimento de competências técnicas e científicas de elevada qualidade, também o desenvolvimento e a aceleração de competências de natureza não formal, pode assumir um papel fundamental neste processo, dado que permite que os estudantes possam estar mais preparados para os desafios da integração no mercado de trabalho.
Redação
Pandemia e guerra tornou financiamento sustentável "ainda mais relevante"
A opinião é expressa por Sofia Santos, especialista em finanças sustentáveis, na última edição do podcast do JE “Descomplicar as Finanças Sustentáveis”
O financiamento sustentável tornou-se ainda mais relevante com a pandemia e com os temas associados à guerra, algo que liga diretamente à independência energética. Esta foi uma das principais ideias transmitidas por Sofia Santos, especialista em finanças sustentáveis, convidada do sexto episódio do podcast “Descomplicar as Finanças Sustentáveis”, uma parceria entre o JE, o Centro de Finanças Sustentáveis do ISEG e a Embaixada do Reino Unido. Através de conversas com profissionais relevantes no sector das finanças sustentáveis britânico e português, esperamos mostrar o papel do sector financeiro no combate eficaz às alterações climáticas.
José Carlos Lourinho
Incerteza e o seu papel nas finanças sustentáveis
A pandemia de Covid-19 e seu impacto económico, as mudanças políticas e sociais, entre outros fatores, podem afetar a maneira como as instituições financeiras e os investidores abordam o financiamento sustentável
Sofia Santos, especialista em finanças sustentáveis, é a convidada do sexto episódio do podcast “Descomplicar as Finanças Sustentáveis”, uma parceria entre o JE, o Centro de Finanças Sustentáveis do ISEG e a Embaixada do Reino Unido em Lisboa.
Rodolfo Alexandre Reis
Liderança precisa-se
O Mundo, o País e as Empresas precisam de Líderes!
A forma simples de definir liderança traduz-se na capacidade de alinhar pessoas numa determinada direção para atingir um resultado desejado. Esse alinhamento deverá estar assente num conjunto de valores e visão partilhada e num sistema que garanta o sucesso de todos. Citando Nelson Mandela: “Um verdadeiro líder usa todas as questões, por mais sérias e sensíveis que sejam, para garantir que, no final do debate, saiamos mais fortes e mais unidos do que nunca.”
As organizações enfrentam desafios sérios. As empresas incumbentes lutam por garantir a sua relevância. Temos assistido a uma rotatividade feroz nas maiores empresas do mundo, estima-se que até 2025, 75% dos incumbentes irão perder a sua posição nas listas das 500 maiores empresas mundiais.
Um estudo de Harvard, que analisou 60 mil líderes através de avaliações 360º, chegou à conclusão de que apenas 13% dos líderes eram simultaneamente capazes de garantir uma boa performance da empresa e serem reconhecidos por boas competências interpessoais e de inteligência emocional.
Será que à medida que crescemos enquanto líderes, nos afastamos das operações e das pessoas e perdemos de vista como manter o alinhamento e motivação das equipas? Quais serão as características necessárias para uma liderança eficaz?
Outro estudo sobre liderança fez notar que uma boa liderança é capaz de maximizar o potencial da equipa e do próprio, realizando esse mesmo potencial e criando uma relação simbiótica de cocriação de identidade e de performance com as equipas.
Conclui-se que os três catalisadores para a realização desse potencial de liderança são: ter um otimismo realista (capacidade de abraçar desafios, mas reconhecendo as dificuldades e limitações para alcançar o sucesso), uma dose de subserviência para um propósito mais abrangente, no sentido de que o objetivo coletivo é mais importante do que um objetivo individual e, por fim, a capacidade de encontrar ordem no caos, isto é, clarificar problemas multidimensionais.
Os líderes precisam orientar um navio por mares agitados que nunca mais serão serenos e para tal necessitam de novas ferramentas para levar as suas equipas a alcançarem o potencial máximo. Existem pessoas com maior predisposição inata para a liderança, mas a liderança aprende-se e os desafios de hoje não são os de ontem. As pessoas exigem cada vez mais das lideranças e isto está espelhado nos resultados do estudo acima referido.
Assim, liderança precisa-se, mas liderança também se aprende.
Joana Santos Silva, Professora do ISEG Executive Education e Diretora de Inovação
Podiam ter-se mantido as taxas de juro dos Certificados de Aforro…
Nos últimos anos, Portugal beneficiou de condições muito favoráveis em termos de financiamento público. Não obstante, em 2022, a taxa média de financiamento foi de 1,7%, que, embora baixa, compara com taxas médias de 0,6% em 2021 e de 0,5% em 2020.
A política do Banco Central Europeu (BCE) de compra de dívida pública no mercado, muito favorável ao nosso país, foi invertida a partir de meados do ano de 2022, com o BCE, não só a recuar na utilização de medidas menos convencionais, como a aumentar progressivamente as taxas de juro, para conter a inflação. Consistente com esta evolução, os dados do primeiro trimestre de 2023 revelam uma taxa média da dívida de curto prazo de aproximadamente 2,9% e uma taxa média das obrigações do tesouro que ronda os 3,5%. Em suma, as taxas de financiamento do déficit público, estão a aumentar e poderão continuar esta tendência.
A gestão da dívida pública pelo Estado, tem tido como objetivo principal reduzir os custos da dívida, tendo sido este um dos argumentos para a redução das taxas de juro dos Certificados de Aforro de 3,5% para 2,5%. Ora, os dados apontados acima permitem verificar que uma taxa de 3,5% nos certificados de aforro é, atualmente, competitiva para o Estado.
E isto, é tanto mais evidente, se atendermos a que, nos certificados de aforro com uma taxa bruta de 3,5%, o Estado acaba por pagar apenas cerca de 2,5% líquidos, uma vez que os restantes 1% retornam aos cofres públicos, através do imposto sobre juros, impactando positivamente no déficit do Estado.
Os certificados de aforro têm ainda a vantagem de corresponderem a financiamento interno de longo prazo, o que torna o custo da dívida menos dependente das variações das taxas de juro nos mercados financeiros internacionais. Também, do ponto de vista da diversificação da carteira, o Estado tem interesse em se financiar através de Certificados de Aforro, os quais, na estrutura da dívida, representam a percentagem mais reduzida (abaixo de 14%).
A redução da taxa de remuneração dos Certificados de Aforro, não lhe tira a sua competitividade, quando comparada com a remuneração de instrumentos de poupança alternativos, como são os depósitos a prazo, no entanto, afeta o rendimento disponível da classe média, que faz dos Certificados de Aforro um dos principais instrumentos de aplicação de poupanças. A manutenção das taxas em 3,5% não seria, necessariamente, uma má gestão da dívida pública.
Maria Rosa Borges, Professora Catedrática do ISEG
Catroga homenageado pela Ordem
Eduardo Catroga será homenageado pela Ordem dos Economistas na próxima terça-feira, dia 27 de junho, com o título de Economista Emérito. O antigo ministro das Finanças de Cavaco Silva será a figura pública destacada em mais uma cerimónia de comemoração dos 25 anos da Ordem dos Economistas, que contará com uma intervenção do antigo primeiro-ministro e Presidente da República no programa. Também António Mendonça, bastonário da Ordem, e João Duque, presidente do ISEG, onde se realiza o evento, têm agendadas intervenções na homenagem ao também professor catedrático, que havia já recebido em 2007 o Prémio Carreira de Economista, também atribuído pela Ordem.
João Barros
A economia que interessa aos nossos filhos
Faz falta debater-se em Portugal a economia realista: aquela que de facto tem, e vai ter, impacte na vida de todos nós. Aquela que todos parecem ignorar por cá e que, pouco ou nada, se ouve falar na TV. Aquela que, a seguir à área da inteligência artificial, é a que tem maior oferta de trabalho no mundo, mas que ainda não se ensina de forma democratizada nas escolas. Aquela que alguns pais, pensando que estão a aconselhar bem os filhos, dizem “não vás por aí que não há mercado”.
Estou a falar da área da economia sustentável, gestão sustentável e financiamento sustentável. Aquela em que é preciso saber de economia, finanças, banca, ambiente, engenharia, psicologia e comunicação sendo necessário uma elevada dose de criatividade e pensamento estratégico crítico. Tudo características que nem sempre são bem desenvolvidas pela maioria das universidades…
Quem pensa que este tema é apenas europeu, também se engana: em todos os continentes existem vários países que estão a definir critérios, ou já definiram, sobre o que são atividades económicas verdes e em transição para uma economia menos poluidora e com menores emissões de CO2. Porquê? Porque se não o fizermos o PIB mundial poderá baixar cerca de 14% em 2050 devido aos impactes e perdas na economia que ocorrerão por causa de desastres ambientais.
Na realidade, um aumento da atividade económica assente em combustíveis fósseis gera, atualmente, um aumento de emissões de CO2 tal, que implica um aumento significativo da temperatura do planeta, que por sua vez vai alterar de forma severa o clima como o conhecemos (com as quatro estações), o que vai levar a perdas económicas tais, que poderão originar perdas significativas do PIB dentro de cinco a dez anos. Ou seja, também o investimento público e privado, que na fórmula original faz aumentar o PIB, poderá na realidade contribuir para a sua diminuição num futuro agora próximo, se esse investimento implicar mais CO2 para a atmosfera, i.e., se contribuir para o aumento da temperatura.
As alterações climáticas, que já estamos a sentir, poderão implicar para Portugal mudanças significativas, e é urgente conseguir-se investir na resiliência e na adaptação necessária. Num país com população envelhecida, um aumento das ondas de calor levará a mais doenças e mortes (logo mais despesa pública); num país onde os fogos são um dos maiores riscos e onde as ondas de calor e as secas aumentam, o Turismo pode diminuir, a agricultura pode perder produtividade, as exportações podem baixar, etc. (logo menos receita para o Estado).
Num contexto de risco climático, os preços dos bens e serviços podem também aumentar, devido a uma catástrofe ambiental que destrua recursos ou devido a políticas públicas urgentes que levam ao aumento de preços pelo mercado. É por isso que estes temas – riscos climáticos e ambiente – estão hoje presentes, e de forma crescente, na atividade dos bancos centrais de todo o mundo. A estabilidade de preços depende também da possibilidade de ocorrência de riscos climáticos, e como tal o clima passa a ser um tema trabalhado ao nível da supervisão e da estabilidade financeira dos bancos centrais.
Se assim é, então a banca comercial irá em breve ter de justificar que possui os requisitos de capital adequados ao risco climático que tem na sua carteira. Para saber isto, tem de perguntar aos seus clientes um conjunto de informação nova que lhes permita avaliar o risco climático das empresas a quem empresta dinheiro, pois vai precisar de lhes atribuir um rating de risco climático que impactará o rating financeiro final da empresa.
Consequentemente, as empresas terão de conseguir disponibilizar informação sobre como estão a reduzir os seus impactes ambientais, e como estão a incorporar o risco climático na sua gestão. Para tudo isto existem regulamentos europeus e diretivas que ajudam as empresas financeiras e não financeiras a reportar esta informação. Mas tudo isto é novo. É interessante, e pessoas com conhecimento precisam-se urgentemente. Há que reforçar e reconhecer a importância desta área para permitir aos jovens de hoje aproveitar as oportunidades de trabalho útil e digno que o tema traz…
Sofia Santos, Professora no ISEG