AICEP. Novo presidente quer protagonizar "novo ciclo de atração de investimento"
Filipe Santos Costa é o novo presidente da AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal e o novo Conselho de Administração tomou posse esta segunda-feira no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
“Estamos prontos para enfrentar os atuais desafios do mercado global e protagonizar um novo ciclo de atração de investimento para Portugal e de apoio à internacionalização das empresas portuguesas”, destacou o novo presidente da agência.
“É nosso compromisso fortalecer a reputação sólida desta grande instituição que é a AICEP, através de uma nova visão estratégica que permita levar as empresas portuguesas a alcançar ainda mais sucesso além-fronteiras”, refere. “O nosso principal objetivo é reforçar a promoção de Portugal como um destino atrativo para grandes investimentos produtivos, sejam nacionais ou estrangeiros”, conclui o Presidente da AICEP.
Filipe Santos Costa era, desde julho de 2018, CEO da aicep Global Parques, entidade gestora de parques industriais em Sines, Setúbal e Sintra. É Mestre em “Desenvolvimento e Cooperação Internacional” pelo ISEG, foi Delegado da AICEP em São Francisco e em Xangai e desempenhou vários cargos no âmbito da Diplomacia Económica. Com experiência em gestão de fundos europeus, foi Encarregado da Estrutura de Missão para a Gestão dos Fundos Comunitários no Ministério da Administração Interna.
O novo Conselho de Administração terá como Vogais Executivos Cristina Pucarinho, Luís Rebelo de Sousa, Isabel Tenreiro e João Noronha Leal e como Vogais não Executivos Carlos Abade, vogal do conselho diretivo do Turismo de Portugal, e Marisa Garrido, vogal do conselho diretivo do IAPMEI.
O novo Conselho de Administração da AICEP terá como prioridades o aumento da competitividade e notoriedade de Portugal, através da dinamização de investimento estruturante e da internacionalização das empresas portuguesas. O novo Conselho de Administração foi designado por despacho dos membros do Governo responsáveis pelas áreas dos Negócios Estrangeiros, Finanças e Economia e Mar para um mandato de três anos.
José Carlos Lourinho
Todos temos um ´vibe´, o Efeito Eu
“Sua marca é o que as pessoas dizem sobre você quando você não está na sala.” – Jeff Bezos
O Bezos tinha razão, em parte. Quando saímos da sala deixamos uma assinatura, mas provavelmente não é tanto a sua marca, porventura é uma nova área de psicologia.
Há dias cruzei-me com um novo conceito, descrito pela primeira vez em 2010, designado presença afetiva. Em suma, esta ideia resulta do facto de que cada indivíduo tem uma capacidade de influenciar o estado de espírito dos outros. Geralmente, não nos apercebemos do nosso efeito até porque é difícil comparar o estado de espírito de um grupo com ou sem a nossa presença, pois só conseguimos sentir o mesmo quando nos encontramos presentes.
Todos têm uma assinatura pessoal e efeito de presença afetiva, ou seja, não é preciso ser uma celebridade, jogador de futebol ou líder de opinião para afetar o estado emocional dos outros. Apesar de todos produzirmos este efeito, existem indivíduos com uma presença afetiva mais forte do que outros.
Para mim, a parte mais interessante do conceito da presença afetiva prende-se com o facto deste efeito ser razoavelmente previsível e independente do estado de espírito e contexto das pessoas com quem entramos em contacto. Por outras palavras, o efeito da nossa presença afetiva tende a ser consistente. Assim, é distinto do contágio emocional que resulta da mimetização e sincronização do nosso estado emocional por parte de outros.
A presença afetiva pode ser positiva ou negativa. Pessoas que habitualmente deixam os outros com sentimento de desconforto ou insegurança têm uma presença afetiva negativa mesmo que não tenham tido qualquer comportamento agressivo ou negativo. Pelo contrário, existem indivíduos que nos deixam energizados e mais alegres, estes têm uma presença afetiva positiva.
Existem alguns estudos que mostram que indivíduos mais empáticos tendem a ter uma presença afetiva mais intensa e positiva. Isto só reforça a importância do desenvolvimento da empatia como ferramenta essencial para motivar e influenciar positivamente outros, seja nas organizações ou nas nossas relações interpessoais.
Outra noção interessante nesta área é de que sentimentos negativos são mais influenciados pelas pessoas com as quais estamos a interagir do que por quem somos. Assim, a frustração, stress e desencorajamento são mais influenciados pelos outros, enquanto emoções positivas como entusiasmo ou felicidade são mais influenciadas pelas nossas características intrínsecas.
Adicionalmente, as características pessoais do indivíduo não servem como fator preditivo do efeito emocional produzido nos outros, ou seja, uma pessoa feliz não terá forçosamente uma “assinatura pessoal” positiva.
O melhor entendimento deste conceito tem impacto direto em lideranças e dinâmicas de grupo nas organizações. Por exemplo, existe um estudo que demonstrou que em atividades de criatividade e inovação, a presença de um líder com maior presença afetiva positiva estimulava a partilha de mais ideias e produzem ambientes com maior segurança psicológica. Existe evidência que indivíduos com presença afetiva positiva têm um papel mais central nas suas redes de amizades e são mais bem-sucedidos em atrair parceiros.
Apesar de não ser ainda claro quais os fatores que produzem uma presença afetiva fortemente positiva, a teoria atual é de que a mesma é associada a indivíduos que têm uma boa capacidade de autorregulação emocional, ou seja, próximo da nossa inteligência emocional.
O estudo sobre como a nossa assinatura emocional pode afetar comportamentos e cognição é de extrema importância para as empresas e suas lideranças. Por outro lado, termos a capacidade de autoavaliação de como fazemos os outros sentir pode ser uma nova ferramenta de desenvolvimento de capacidade de liderança e de trabalho em equipa.
Esta capacidade de influenciar e ser influenciado emocionalmente por outros é fascinante, mas o mais importante será traduzir a nossa presença afetiva em algo de positivo para os demais na procura de melhor colaboração e relacionamento interpessoal. Eu vou continuar a procurar definir a minha “assinatura emocional” ou vibe. Entretanto, deixo o desafio: Qual é o seu vibe? Quando sai da sala, o que diriam os outros sobre como os fez sentir?
Joana Santos Silva, Coordenadora do programa executivo Strategic Management & Innovation do ISEG Executive Education
Promover investimentos em projetos e ativos para uma rápida transição climática
Nesta entrevista, estará em análise uma perspetiva dos investimentos numa economia menos dependente de combustíveis fósseis, na perspectiva deste responsável
Sean Kidney, co-fundador e CEO da Climate Bonds Initiative, é o quarto convidado da série de oito episódios do podcast “Descomplicar as Finanças Sustentáveis”, uma parceria entre o JE, o Centro de Finanças Sustentáveis do ISEG e a Embaixada do Reino Unido em Lisboa.
José Carlos Lourinho
Programa de estabilidade 2023-2027, maior esclarecimento é preciso
Maria Rosa Borges
Economista,
Professora Catedrática do ISEG
Residem, no Programa de Estabilidade 2023-2027, boas perspetivas para a economia portuguesa no próximo quadriénio, não obstante as incertezas resultantes da guerra na Ucrânia e da situação geopolítica internacional. O Produto cresce, em média, 1,8 %, fazendo convergir a economia nacional para a média europeia, a taxa de desemprego desce de 6,7% em 2023, para 6% em 2027, a inflação acentua a sua trajetória de redução de 5,1% em 2023, para 2% em 2027, o investimento cresce em percentagem do PIB, salientando-se, em particular, o maior dinamismo do investimento público, potenciado pelos fundos europeus e as taxas de juro começam a estabilizar no final de 2023, para níveis um pouco aquém dos 4%.
Lígia Simões
Formação customizada para empresas em ritmo crescente
Pioneiro no sector, resulta de uma parceria entre a Porto Business School e a Mota-Engil. WoMEn Leaders – Training Program For Leadership, lançado no passado 8 de março, Dia Internacional da Mulher, tem como meta desenvolver, anualmente, skills de liderança em cerca de 70 mulheres no grupo de construção, durante pelo menos três anos consecutivos.
Na formação para empresas, cada caso é realmente um caso e como tal é tratado. Neste caso em concreto, a Porto Business School desenvolveu um programa personalizado B2B, em formato online, com sessões multi-idioma de forma a responder à escala internacional da Mota-Engil. Um tailor made exclusivo que contempla módulos como: Liderança Integral, Finanças, Resolução de Problemas, Sustentabilidade e Gestão da Mudança.
Os programas Customizados para empresas representam uma fatia importante do negócio da formação executiva. Por contraponto aos programas Abertos, os Custom, no original em inglês, são desenhados para apoiar as necessidades individuais das empresas na (trans)formação dos seus quadros. A evolução tecnológica dita objetivos e necessidades diferentes para as empresas e organizações a cada dia. Não por acaso, os programas estão em crescimento.
O papel do program design
Na Nova SBE, os programas Customizados representam aproximadamente 70% da atividade da formação de executivos, revela Pedro Brito, associate Dean @ Nova SBE, com responsabilidade por este segmento do ensino-formação da Escola de Carcavelos.
“No último ano realizámos cerca de 300 projetos, muitos deles desenhados com a participação não só do corpo docente envolvido, mas com as próprias empresas, assegurando que os objetivos dos programas são atingidos”, revela. Esta colaboração contribuiu, segundo o associate Dean, para que a Nova SBE Executive Education ficasse posicionada em 16.º lugar a nível mundial no critério de Program Design no Ranking do Financial Times de 2023, divulgado esta semana.
Num âmbito mais alargado, Pedro Brito explica que os programas Customizados têm evoluido para além da formação e integrado dimensões como inovação, empreendedorismo e investigação. “A liderança foi, é, e continuará a ser uma competência fundamental nas organizações, mas está sempre em evolução. É uma competência crónica. Seja lideranças de equipas, de projetos ou negócios ou liderança de si próprio”, justifica.
Temas relacionais
Filipa Cristovão, Custom and International Programs Director do Iseg Executive Education, diz ao JE que os programas tailor made são uma componente fundamental da atividade da oferta da Escola do Quelhas no segmento para executivos.
O ISEG Executive Education inclui cinco áreas de atuação: ISEG MBA, pós-graduações, formação de executivos, soluções customizadas e consultoria. “As soluções customizadas são a componente B2B da nossa oferta, ou seja, dedicadas ao mundo corporativo. É uma área que está em crescimento na nossa oferta e que representa uma fatia crescente da nossa atividade”, revela. Acrescenta que a procura está a ser “muito significativa” em temas de soft skills, ligados às competências relacionais (negociação, comunicação, persuasão, influência, …), gestão de equipas e liderança.
“As empresas têm necessidades muito variadas. No entanto, o ativo mais importante de qualquer organização são as pessoas, pelo que os temas relacionais são incontornáveis, sobretudo num período pós pandemia, em que alguns laços de convivência e de alinhamento foram quebrados”, explica Filipa Cristovão.
Outro tema com muita procura, adianta, é a sustentabilidade, na ótica ESG (Environment, Social e Governance). As necessidades de regulamentação e os imperativos do mercado, estão a despertar cada vez mais as empresas para a necessidade de incluir na sua estratégia esta abordagem. “Há lacunas de competências nesta área que é fundamental suprir”, destaca a responsável do ISEG Executive Education.
Tailor made é inesgotável
No caso dos programas customizados, o nosso portfólio “tailor made” é inesgotável, diz Céline Abecassis-Moedas, diretora da Formação de Executivos da Católica Lisbon School of Business & Economics ao JE. A oferta vai sendo criada à medida das necessidades de cada empresa.
“Os programas nascem, são cocriados sempre que uma empresa conta connosco como parceiro de desenvolvimento dos seus colaboradores”, explica.
Também na formação Customizada da Católica-Lisbon, os temas mais procurados ultimamente têm sido sustentabilidade, liderança, negociação, transformação digital e diversidade e inclusão.
Conclusão? O foco das empresas e das Escolas, que neste tema da formação Customizada trabalham realmente em parceria, está, como não poderia deixar de ser, nas grandes temáticas societais e da economia do conhecimento.
Almerinda Romeira
Cinco escolas portuguesas no Top mundial
Boas notícias para a formação executiva. O ranking global do Financial Times Executive Education 2023, publicado esta semana, inclui cinco escolas portuguesas entre as melhores do mundo. Quatro integram mesmo o Top 50.
Esta performance reflete a estratégia e o trabalho realizado pelas Escolas durante anos e consolida a reputação de Portugal como destino de referência para aqueles que lá fora procuram ensino executivo de excelência. Releva, por outro lado, o papel de um país que se quer assumir como exportador de ensino superior.
O ranking global do Financial Times Executive Education é um ranking agregado, construído com base em duas componentes: programas de inscrição aberta (open rank) e programas customizados para empresas (custom rank ). As Escolas são avaliadas tendo em conta metodologias de ensino, qualificação do corpo docente, contribuição para novas competências e aprendizagens e retorno do investimento dos participantes.
Em 2023, no olimpo brilham a Nova School of Business and Economics (Nova SBE), a Católica Lisbon School of Business and Economics, a Porto Business School, o ISEG – Lisbon School of Economics and Management e o ISCTE Executive Education.
A Nova SBE ascende ao 18.º lugar no mundo, o melhor alguma vez obtido por uma escola portuguesa neste ranking. “Os resultados consolidam a nossa liderança em Portugal, quer nos programas Abertos, quer nos Customizados e revelam que estamos no caminho certo para a criação de uma comunidade de talento e conhecimento com impacto no mundo”, afirma Pedro Oliveira, dean da Nova SBE.
Nos programas abertos, a Escola de Carcavelos é 29.ª no mundo, destacando-se no indicador “Participantes Internacionais”, o que traduz a forte aposta na internacionalização dos programas. No segmento Customizado é 16.ª e destaca-se no indicador “Parcerias com Outras Escolas”, o que reflete sobretudo o nível das organizações suas parceiras.
Os lugares e as estratégias
No mapa mundo da formação executiva, a Católica Lisbon School of Business & Economics é agora 24.ª. A melhor posição de sempre, após uma subida de 26 lugares em apenas dois anos. Para os resultados globais contribuem sobretudo as 41 posições conquistadas nos programas Abertos no acumulado desse período.
Filipe Santos, dean da Católica-Lisbon, explica a performance com base na “forte aposta no talento dos nossos professores, na inovação pedagógica e adaptação às necessidades das empresas”. Adianta que a Escola foi uma das três no mundo “com melhor progressão nos rankings” e que “essa trajetória e reconhecimento” só aumentam a responsabilidade de “servir cada vez melhor as necessidades de formação dos profissionais do futuro, acelerando a sua carreira e criando valor para as empresas”.
A Porto Business School continua a destacar-se no ranking, onde pontifica desde 2011. A Escola de negócios da Universidade do Porto alcança o 34.º lugar da classificação geral em 2023, subindo seis posições, face ao ano anterior.
“Numa sociedade em constante transformação, nomeadamente no que diz respeito à inovação digital e tecnológica e à sustentabilidade, continuamos, ano após ano, a ser uma referência internacional na área da formação em gestão e a responder às necessidades atuais dos executivos”, salienta José Esteves, dean da PBS.
O ISEG Executive Education completa a presença nacional no Top 50, assumindo o 47.º lugar da tabela do FT.
João Duque, presidente do ISEG, adianta que a formação de executivos da centenária Escola do Quelhas está “coerentemente inserida numa ótica organizacional onde a criação de valor empresarial se sobrepõe ao sucesso individual, embora não o afaste”. E destaca:”Esta forma de encarar o crescimento da formação no contexto organizacional é reconhecido pelo mercado e por isso reconhecido pelo ranking do FT”.
O Iscte Executive Education figura no grupo das 40 escolas mais bem pontuadas na Europa (Top 40 in Europe) e nas 75 escolas mais bem pontuadas em todo o mundo (Top 75 in the World).
“Este é o ano da confirmação da estratégia que vimos seguindo. A internacionalização ocupa o merecido lugar e fomos devidamente compensados. Se já era o farol, foi agora a vez de o farol iluminar ainda mais”, afirma José Crespo de Carvalho, presidente do Iscte Executive Education. “Se dúvidas havia, o caminho está traçado. Continuaremos, pois, a reforçar a aposta internacional da formação de executivos. Queremos ser globais e chegar pelo menos aos 50% de alunos internacionais no fecho de 2024”, revela.
O pódio mundial da formação executiva é ocupado pela business school francesa HEC Paris. A prata vai para espanhola IESE Business School, com campus em Espanha, EUA, Alemanha e Brasil. O pódio fica completo com a também francesa Insead, com campus em Singapura e Emirados Árabes Unidos.
Almerinda Romeira
Eutanásia: licença para matar?
“Se souber que tenho de sofrer sem esperança de qualquer alívio, partirei, não pelo receio da dor em si, mas porque ela impede tudo aquilo para o que eu viveria.” – Séneca
A falta de consenso na sociedade portuguesa a respeito do suicido assistido e da eutanásia reflete a complexidade do tema e na abordagem da natureza humana à ética do ato.
Num mundo em que os avanços da medicina e biotecnologia nos levam a viver mais e melhor, a premissa atual parece ser de é simplesmente indigno sofrer. Aliás, assume-se que o sofrimento reduz a pessoa a um estado incompatível com a dignidade. Mas será mesmo assim?
Há uns anos, V.J Periyakoli, especialista em cuidados paliativos na Universidade de Stanford começou um projeto de extrema importância para abordar o fim de vida. The Letter Project incentiva doentes a escreverem uma carta na qual expressam o que mais importa e como gostariam de passar os seus últimos dias. Podem enviar a carta para os seus médicos ou familiares por forma a assegurar que têm algum controle sobre o fim de vida.
Nas cartas, as pessoas são questionadas se se sujeitariam a determinadas intervenções, como tubos de alimentação ou máquinas de respiração, e se preferem morrer em casa ou no hospital. A pesquisa mostra que a maioria dos médicos se sente desconfortável em abordar o tema de fim de vida com os doentes e por vezes acabam por optar por intervenções heroicas aos quais eles próprios não se sujeitariam. Estima-se que 90% dos médicos optariam por não reanimação.
A mesma especialista diz que o objetivo da medicina deveria ser de prolongar a vida e não o processo da morte. Este argumento parece estar intimamente ligado com os quatro argumentos principais usados para justificar o suicido assistido e a eutanásia: o argumento da autonomia, o argumento da compaixão, o argumento do mal do sofrimento e o argumento da perda da dignidade. De uma forma fria e racional, sou favorável a uma morte digna e indolor mesmo que a mesma carecesse de uma intervenção assistida.
Contudo, a minha opinião dos temas não negociáveis, ou seja, a perda de faculdades que hoje me levariam a optar por terminar a minha vida podem não se manter inalteráveis. A nossa perceção de qualidade de vida e mesmo a capacidade incrível de adaptação do ser humano, faz com que uma abordagem linearmente racional seja de aplicação improvável num tema tão complexo como o da nossa morte.
Recordo-me que a minha avó pediu para morrer em casa, que na altura com 20 anos parecia-me algo absurdo, mas hoje entendo perfeitamente este pedido pois faria o mesmo. Se por um lado tenho medo de sofrer, por outro também tenho medo de morrer!
A disponibilidade de opção extraordinária de tratamento letal, deve ser acompanhada de regulamentação e fiscalização cuidadosa para minimizar o risco de abuso. Já existem um conjunto de países com enquadramento legal para a eutanásia e/ou suicídio assistido, mas provavelmente o exemplo mais permissivo será o do Canadá. Em 2016, o Canadá aprovou o programa de assistência médica para a morte designado MAID que se destinava a adultos com doenças terminais, nesse ano pouco mais de 1000 pessoas submeteram-se ao suicídio assistido.
Em 2021, a lei foi alterada e passou a abranger indivíduos com doenças física, graves e crónicas, mesmo que estas patologias não fossem terminais ou pusessem em risco a vida. Em 2021, 10 064 Canadianos optaram por terminar a sua vida através do programa MAID, o que representou um crescimento de 32,4% face ao ano anterior. Em 2021, as mortes MAID representam 3,3% de todas as mortes no país.
O Canadá, a par da Bélgica e da Holanda, permite que pessoas que não enfrentam uma doença terminal possam ter acesso ao suicido assistido. Os candidatos com condições graves e incuráveis, mas sem risco de vida, devem ser avaliados por dois médicos diferentes e esperar um prazo de 90 dias para pôr fim à sua vida, mas será que estes passos são suficientes para salvaguardar a vida humana?
Em 2023, foi criada uma proposta para estender o MAID a indivíduos que sofrem de doenças mentais, contudo devido à contestação social a decisão foi adiada até março 2024.
Tornar a morte uma solução fácil afeta de forma predominante as pessoas mais vulneráveis que muitos vezes são mais facilmente alvo de abuso e de pressão. Por outro, através da normalização e regulação isentamos a sociedade da sua responsabilidade de defender e proteger os seus cidadãos. Usar a morte assistida como solução para problemas sociais como pobreza ou extrema solidão, situações de incapacidade ou ainda encargos direta ou indiretamente relacionados com a saúde, é inaceitável e não cumpre com os direitos humanos fundamentais.
O enquadramento proposto em Portugal não é igual ao do Canadá, mas temos um país envelhecido, com populações frágeis e com nível de literacia em saúde baixas. Tenho uma preocupação genuína na implementação do suicídio assistido ou eutanásia em Portugal. Se, por um lado, defendo que qualquer individuo deva poder decidir o limite das intervenções médicas aos quais pretende ser sujeito e deve poder optar pelas condições mais adequadas para si no fim de vida, enquanto sociedade, nunca poderemos facilitar ou estimular esta opção com facilitismo ou ainda com entusiasmo.
Uma sociedade digna e humana defende o valor da vida e deve fazer tudo para promover a qualidade da mesma. Essa qualidade e condições necessárias devem ser salvaguardas desde o início até ao fim, pois só assim cumprimos a responsabilidade de uma sociedade na qual queremos viver. Promover uma morte para eliminar dor e sofrimento pode ser um sinal de uma sociedade muito evoluída, mas sempre com cautela pois, citando novamente Séneca, “A ignorância, ou melhor, a demência humana é tão grande que alguns são levados à morte justamente pelo medo da morte”.
Joana Santos Silva, Coordenadora do programa executivo Strategic Management & Innovation do ISEG Executive Education
Advogada Alice Khouri debate papel do ESG nas finanças sustentáveis a 19 de maio
No próximo dia 19 de maio não perca a transmissão do segundo episódio do podcast “Descomplicar as Finanças Sustentáveis”, uma parceria entre o Jornal Económico, o Centro de Finanças Sustentáveis do ISEG e a Embaixada do Reino Unido em Lisboa. Através de conversas com interlocutores britânicos e portugueses com reconhecido trabalho na área das finanças sustentáveis, o objetivo do novo podcast é destacar o papel do setor financeiro no combate às mudanças climáticas. O segundo programa será transmitido na próxima sexta-feira no site e redes sociais do “Jornal Económico” mas também nas principais plataformas de streaming, tendo como convidada a advogada e professora universitária de Energia e Regulação, Alice Khouri. Numa entrevista conduzida pelo editor do JE, José Carlos Lourinho, estará em análise a temática da responsabilidade ambiental, social e de governance e o seu papel nas finanças sustentáveis. Ciclo de oito programas arrancou no início deste mês e contou com a presença de Isabel Ucha, CEO da Euronext Lisbon. Sean Kidney, Nick Bridge e Sofia Santos estão entre os convidados dos próximos programas.
José Carlos Lourinho
É docente, funcionário ou estudante universitário? Leia o JE em versão digital
O Jornal Económico está disponível nas principais universidades portuguesas, numa iniciativa inédita que conta com o apoio da EDP – Energias de Portugal. Se é estudante, docente ou funcionário de uma das 18 universidades e politécnicos abrangidos, veja como aceder gratuitamente à versão digital da edição semanal JE, com a inovadora solução @office
O Jornal Económico está disponível nas principais universidades portuguesas, numa iniciativa inédita que conta com o apoio da EDP – Energias de Portugal. Se é estudante, docente ou funcionário de uma das 18 universidades e politécnicos abrangidos, veja como aceder gratuitamente à versão digital da edição semanal JE, com a inovadora solução @office.
O Jornal Económico está disponível nas principais universidades portuguesas, numa iniciativa inédita que conta com o apoio da EDP – Energias de Portugal e de outras empresas. Os alunos, docentes e funcionários de 18 estabelecimentos de Ensino Superior (num total de 63 entidades, entre diferentes faculdades, escolas e departamentos) podem consultar gratuitamente a edição semanal do Jornal Económico, em formato digital. Saiba como.
A minha universidade tem o @office. Como faço para aceder aos conteúdos premium do Jornal Económico?
É simples: visite os sites www.jornaleconomico.pt ou leitor.jornaleconomico.pt para aceder à edição semanal do JE e clique no botão @office, no canto superior direito da homepage. Ao clicar neste botão, fará login automático no seu @office e terá acesso imediato a todos os conteúdos reservados a assinantes.
A que conteúdos tenho acesso através do @office?
Os leitores que acedem via @office podem consultar a edição semanal do Jornal Económico e o arquivo que contém todas as edições do jornal publicadas desde 16 de setembro de 2016. Têm igualmente acesso a todas as edições do caderno de atualidade, cultura e lazer Et Cetera, do Económico Madeira e de todos os nossos especiais e suplementos. Todos os conteúdos podem ser acedidos em versão web (texto normal) e nos formatos e-paper e pdf.
Como funciona o @office?
A solução @office permite o acesso a todos os conteúdos premium do Jornal Económico a partir de todos os dispositivos (computadores, tablets ou smartphones) ligados a um mesmo endereço IP. Desta forma, todas as pessoas que estejam ligadas à rede Wi-Fi de um edifício com @office podem ler gratuitamente o Jornal Económico através da plataforma JE Leitor, no endereço http://leitor.jornaleconomico.pt. Esta plataforma permite um acesso rápido e muito simples aos conteúdos premium do nosso jornal. Experimente aqui o JE Leitor, sem custos.
Quais são as universidades, faculdades e politécnicos que têm a solução @office?
A solução @office está disponível nos seguintes estabelecimentos de Ensino Superior, com apoio da EDP: Faculdade de Arquitectura, Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, Nova School of Business and Economics, Universidade Europeia, Universidade Portucalense, Universidade Católica Portuguesa, Universidade Católica Portuguesa Porto/Business School, UCP/ Faculdade de Direito, UCP/ Faculdade de Educação e Psicologia, Universidade do Porto, Universidade do Minho, Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), Universidade da Beira Interior, Universidade de Coimbra e Instituto Politécnico de Bragança. A estas instituições instituam-se juntam-se a Universidade da Madeira (com apoio da Sharing Foundation), o Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra (apoio da Active Trades) e o Instituto Politécnico do Porto (apoio da Active Trades).
A minha universidade ainda não tem @office. Como faço para instalar o serviço?
Pode contactar-nos através do telefone 217 655 300 ou do email assinaturas@jornaleconomico.pt. O nosso departamento comercial vai ajudá-lo a encontrar a melhor solução para a sua universidade.
Gostava de instalar o @office na minha empresa. É possível?
Sim, o @office foi criado a pensar em todas as entidades que têm vários dispositivos ligados a um mesmo endereço IP. Pode contactar-nos através do telefone 217 655 300 ou do email assinaturas@jornaleconomico.pt. O nosso departamento comercial vai ajudá-lo a encontrar a melhor solução para a sua empresa.
JE lança podcast que vai descomplicar as finanças verdes
Ciclo de oito programas arranca a 5 de maio, analisando papel do sector financeiro em prol de um mundo mais sustentável. Isabel Ucha, Sean Kidney, Nick Bridge e Sofia Santos estão entre os convidados
No próximo dia 5 de maio arranca o primeiro episódio do podcast “Descomplicar as Finanças Verdes”, resultado de uma parceria entre o Jornal Económico, o Centro de Finanças Sustentáveis do ISEG e a Embaixada do Reino Unido em Lisboa. Através de conversas com interlocutores britânicos e portugueses com reconhecido trabalho na área das finanças sustentáveis, o objetivo do novo podcast é destacar o papel do setor financeiro no combate às mudanças climáticas.
Redação